142 usuários online |
| |
|
Poesias-->Catálise -- 06/05/2003 - 13:24 (Edio de oliveira junior) |
|
|
| |
O relógio é um cúmplice desta fuga...
Segundos aparecem para caírem no abstrato!
O mesmo abstrato de nossas lembranças.
Talvez o vão inerte do destino... ainda assim abstrato.
E todo tempo passado é vazio aconchegante...
Todo tempo passado traz saudade.
Saudade da ira, da alegria, da desolação, do desconforto,
Do amor, do gozo, do sofrimento, da dor da partida...
Como pode nos ser o passado algo radical
Sendo tanto ao mesmo tempo?
Não! Pensemos que ele é algo aconchegante.
Meu silêncio é cúmplice desta fuga...
Exercito a intenção de cultivar
Relações mais amenas comigo mesmo,
E tudo que rodeia se desfaz
Como que num ato de entrega...
A mais doce de todas as entregas...
A mais simples.
Vazio.
Como é lindo adorar o vazio
E acreditar que nascem rosas pelo mundo
Enquanto na verdade bombas explodem pelo mundo
Ou que pessoas se beijam
Enquanto na verdade se mutilam...
Vazio.
Como é lindo cultivar o vazio introspectivo
Como algo altamente material,
Criar poemas, canções ou amores
E ainda distribuí-las ao mundo
Como se inseminássemos a vida
Em um vale de mortes.
Como é lindo poder abraçar um sonho
Que te encha a alma
Mesmo que temporariamente
Para satisfazer, mesmo que temporariamente,
Uma parte de nós que vai além
Daquilo que somos aos olhos de tudo...
O relógio é cúmplice desta fuga,
O vazio presente é cúmplice desta fuga,
Tenho em mim um Deus
Despertando sensações estranhas,
Estranhas, novas e agradáveis...
Agradeço.
Creio estar aprendendo a amar.
|
|