I
afugenta-o de ti,
sem amenidades, sem sorrisos,
se tua alma se lava nas lágrimas dos dias
se no fundo do lago ainda há ninfas
sim, mande-o embora,
sem remorsos, sem distâncias,
se o coração ainda fabula e sonha
mas se não puderes espantar o medo
ora, criança, a montanha não fugirá
e lá em cima cantarás tua canção de vitória...
II
nossas cidades sem luz
e o anterior paraíso,
nossos estranhos desejos
são a faca no coração,
e a sangria desata os nós
dos tempos sem amor,
sem a honra de anti-heróis
de quem tanto esperou
que fóssemos boas crianças
e ainda assim nada nos comove!
nossos quartéis sem balões
são o refúgio de mediocridades
onde os sonhos vagueiam em lamas
e a mente percorre os anos
de felicidade, quando a menina
dizia: eis aqui o meu primeiro amor!
III
cresci sem nunca dizer
pro inimigo que ele é a flor
que sustenta minha ternura
e eu o espinho que me torna
o seu íntimo amor...
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