Sou aquela que anda sem rumo.
Aquela que sente, mais que vê.
Que chora, que rasga, se alegra, sorri.
Sou a que parte deixando saudade. E sentindo saudade também.
Anda nas ruas com a certeza do destino. E a incerteza também.
Sou a que molha na chuva e seca no vento.
Que brinca ao sol e celebra a Lua, sou as três faces da Deusa.
Sou a que ama com toda razão e sem razão.
Que persegue o amor sem alcançar.
Que alcança o amor num simples olhar.
Sou aquela que feriu e foi ferida.
Sou a que está perdida.
Sou a solidão.
Sou a alegria nos olhos da criança, a tristeza diante da morte. Sou a certeza da felicidade. Sou a confusão.
Sou a mulher amada e querida.
A mulher sofrida, traída.
Sou poema e poetisa, a terra e o céu.
Faço parte de tudo, e não sou nada.
Sou a mãe dedicada, a filha rebelde, a anciã sábia.
Eu sou tudo e todos.
Caminho pelo mundo procurando algo. Encontrando, perdendo.
Eu sou a que derrete de prazer. Sou fria como gelo e dura como o aço. Mesmo assim continuo uma mulher.
Inteira, quebrada, fraca, forte, decidida, incerta, triste ,alegre...
A que se arrepende, e a que não tem remorso.
Sou a luz e a escuridão.
Sou a própria contradição
Fabiana Ranieri |