Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10388)

Erótico (13574)

Frases (50677)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3310)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->MODA -- 04/11/2002 - 00:49 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MODA

Sempre fui um cara avesso aos modismos. Tenho dificuldade em ouvir o que todo mundo está ouvindo e de gostar dos mesmos fenómenos de massa (a não ser, é claro, quando o assunto é o grande e inigualável Corinthians). Tenho um pouco de aversão a multidões e, quando ouço uma opinião unànime, tendo sempre a recebê-la com certa cautela. Mas tem algumas coisas - várias, na verdade - com as quais eu simplesmente não me conformo. Quando eu digo "eu não me conformo", quero dizer "não acredito que esse cara realmente gosta disso" ou "PQP, quem foi o imbecil que teve essa idéia?" ou ainda "Ahhgghgpf". É claro que as coisas que as pessoas "gostam" estão intrinsecamente ligadas às suas preferências pessoais, seus critérios subjetivos, suas manias e fixações. Todo mundo sabe que gosto não se discute, mas eu acrescentaria um complemento nessa frase de lugar-comum: gosto não se discute, mas mau-gosto é bem engraçado de se discutir!
Exemplo: eu não me conformo quando alguém passa ouvindo músicas da moda, do tipo "dadada um beijinho nas meninas" no carro com o som no último. Se, por algum motivo bizarro (tipo se eu fosse drogado, hipnotizado ou abduzido por extraterrestres - ou as três coisas simultaneamente....) e começasse a gostar desse tipo de música, teria vergonha de mim mesmo e com certeza fugiria para uma floresta, ou para uma taba indígena, onde provavelmente morreria de malária ou tifo (vocês já devem ter reparado nesse fenómeno estranho que ocorre todo ano: surge do nada uma música totalmente idiota que faz um "sucesso" lascado no meio do povão, toca o dia inteiro e depois de um ou dois meses some e ninguém nunca mais ouve falar na banda, ou no cantor, seja lá o que for. Essas músicas funcionam como um chiclete, desses cujo gosto somem rápido (como o Plet´s), são mascados ferozmente e depois cuspidos na sarjeta, desprezados, da onde só sairão para se grudarem na sola do seu tênis novo).
Outra coisa com a qual não me conformo é a moda feminina. Sei que não estou louco, eu me lembro muito bem de quando eu, meu irmão e minha irmã rachávamos o bico de tanto rir das calças boca-de-sino da mulherada das fotos antigas da família. Todo mundo, até eu que não entendo lhufas de moda, há de concordar que aquelas calças eram horríveis! E não é que na década de 90 elas ressurgiram e ainda estão por aí? Será que as mulheres não percebem que a moda criada para elas é feita somente para outras pessoas terem algo do que rir no futuro? Vai me dizer que você não ri quando vê aqueles penteados que parecem sorvete de Kombi nas fotos da década de 60 (perucas, na verdade. PERUCAS!!!... que coisa mais trash!). Ou quando vê sua prima toda saltitante numa "saia balonet" (fui assessorado nessa) no vídeo dos 15 anos dela? Topete, polainas, cabelo "amassadinho"... coisas que alguma mente diabólica criou somente para que agora nós, que vivemos no futuro, possamos nos divertir vendo as fotos e tirando sarro.
Eu sempre sofri muito com a moda, principalmente naquela malfadada década de 80, quando eu era um adolescente tradicionalista. Tenho orgulho em dizer que nunca me rendi às calças "bag" que dominavam as lojas naquela época. Era um sufoco pra minha mãe encontrar uma calça de corte reto pra mim, pois o que estava na moda eram aquelas coisas bufantes, que me davam a impressão de vestir dois botijões de gás nas pernas. As vendedoras tentavam empurrar a mercadoria, dizendo "experimenta, tá na moda" e eu, já ranzinza, dizia "eu odeio a moda".
Os óculos também vão e voltam. Parece que estão voltando na moda os óculos de sol tamanho Gigabytes, iguais àqueles que os pais e tios aparecem nas fotos de praia de vinte anos atrás, que eram medidos em polegadas. Coisa que a gente hoje olha e ri, dizendo "olha o tamanho do óculos dele, parece uma televisão, ha ha ha... e essa sunga de pele de cobra então?".
É, a moda é uma coisa ingrata para quem a segue. É como seguir um daqueles lemingues que correm para o suicídio coletivo quando sua população aumenta demais. Humm.... ok, a comparação não foi muito boa... Mas o que eu quero dizer é que eu acho que seguir a moda, muitas vezes é deixar de pensar e de escolher, de ter gosto próprio. Mastigar o que os outros (a TV) lhe empurram, sem sentir o sabor. Fazer alguma coisa sem nem saber direito por quê ou como. Comportamento que não deixa de ser, num mundo cada vez mais massificado e nivelado (por baixo), uma metáfora aceitável para suicídio.


Renato Cação Cambraia só usa jeans e camiseta e está muito feliz com isso. beco@netonne.com.br
BECO Nº24/A SEMANA - 02/11/2002
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui