DEVOLUÇÃO DA MEDALHA DO PACIFICADOR

INFORMAÇÃO 1- MENSAGEM DO EXMO SR GEN CMT DA 3ª DE

Prezado Coronel Rocha Paiva



Nesta data me foi encaminhado texto cuja autoria é atribuída ao Sr. a respeito da Medalha do Pacificador.  Entendendo o seu sentimento expresso na mensagem que me foi encaminhada, embora eu não tenha o mesmo dom da oratória de o Sr. é dotado, tentarei oferecer-lhe minha perspectiva sobre esse tema, apelando ao seu arraigado espírito militar e amor ao Exército de Caxias para reavaliar sua predisposição em restituir a Medalha do Pacificador com que o Exército Brasileiro o condecorou por seus relevantes serviços. 



    A sua contribuição para a Força Terrestre e para a Pátria que o fizeram merecedor da Medalha do Pacificador permanecem como legado  para as gerações que o sucederam, o Exército Brasileiro continua solidário com aqueles que nos antecederam e deram seu quinhão de sacrifício para a consolidação da Nação Brasileira.



    Nós, os mais antigos, da ativa e da reserva, temos uma pesada responsabilidade para com as gerações mais jovens. Não temos o direito de fomentar a cisânea, a  discórdia e a indisciplina entre Comandantes e Subordinados. Devemos trabalhar para fortalecer a nossa coesão e a confiança entre nós. Dia 25 de agosto muitos jovens oficiais e sargentos estarão recebendo a condecoração que o Sr. pretende devolver, creio que não temos o direito de destruir o sentimento do dever cumprido e de realização profissional que imbui a alma desses Soldados e de suas famílias a quem o Exército Brasileiro deseja homenagear, assim como o fez com o Sr. alguns anos atrás, e acredito que o Sr. se recorda da alegria por receber esse reconhecimento pela Instituição.



    A Família Militar poderá ficar triste com seu gesto - pela desconsideração por aqueles que estarão recebendo a medalha e pela falta de respeito para com o nosso Patrono - mas aqueles a quem interessa a fragilidade das Instituições Militares, estou certo, se regojizarão com isso e explorarão esse ato como indício de fraqueza, divisão e de sucesso na tentativa de nos enfraquecer.



    Tentar acuar o Comando da Força com gestos extremos fora do âmbito institucional, creio, não contribui para a solução das questões que afligem o Sr.  e considero uma deslealdade para com quem tem a responsabilidade de conduzir a nossa Instituição, especialmente, em tempos difíceis como estes que atravessamos.  O Comandante do Exército certamente está atento a esses aspectos, mas tem que atuar com responsabilidade e racionalidade e, tenho certeza, oportuna e criteriosamente encaminhará a solução mais adequada para o caso.

    

    Finalmente, quero deixar claro que o que me move ao escrever estas poucas palavras é o mais puro sentimento do dever como Comandante da 3ª DE e da Guarnição e de Soldado que coloca acima de tudo a lealdade à nossa Pátria, ao Exército e aos nossos Comandantes.  Não me move nenhuma intenção carreirista, nenhum receio de que seu ato de contestação  ocorrido na Guarnição que comando venha a me trazer prejuízo pessoal ou funcional - embora certamente a sua concretização se deva à minha incapacidade de argumentar e sensibilizar para os inconvenientes de tão extrema  atitude. O nosso EB já me propiciou muito mais do que mereço. Minha turma de formação da AMAN tem hoje 13 generais de divisão no serviço ativo. Desses, somente 4 receberão a quarta estrela e, humildemente, mas convicto da justiça do que afirmo, qualquer deles tem muito mais capacidade e inteligência para alcançar o mais alto posto do generalato, de forma que entendo que minha última promoção foi ao posto que atualmente exerço com muita honra, mas fruto muito mais da competência, das orientações, apoio e trabalho dos meus chefes, pares e subordinados com quem tive a honra de ombrear ao longo dos 42 anos de serviço.



    Assim, Cel Rocha Paiva, estou à sua disposição para o que seja do seu desejo tratar. Espero que reflita e considere que o benefício da sua decisão será de valor limitado para o fim que o Sr. almeja contribuir, mas de elevado custo institucional decorrente da preferência em adotar a via da contestação ostensiva, em lugar da discussão inteligente e da disciplina consciente.