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cronicas-->Meu Retrato -- 08/07/2000 - 01:37 (FAUTH) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sou assim, como pode ver - ou como permito que me veja. Manipulo você conforme meus interesses, pondo-o em determinado àngulo, de onde só possa enxergar aquilo que quero que enxergue em mim.

Não tenho idade definida. Venho de muito longe. Trago a história da humanidade no meu código genético. Sou, portanto, muito, muito velho...

A matéria de que se constitui meu corpo ocupa o espaço normal de um homem. Um metro e setenta de altura, pesando uns setenta e poucos quilos. Fisicamente não sou nada. Minha imagem confunde-se com a de todos os seres humanos e você me vê todos os dias pela televisão ou quando anda nas ruas. Sou tão lindo quanto pode ser feia uma pessoa.
Versátil, costumo jogar-me à vida errando e acertando sem intenção ou propósito. Não possuo a concepção mais adequada sobre o que é correto e o que é errado. Não sei em que acredito e não penso muito nisso. Só tenho uma certeza: a da morte. Chegará o dia em que, finalmente - no sentido mais primitivo que esta palavra pode ter - minha carne apodrecerá, como sempre acontece com outros organismos, e transformar-me-ei em uma outra coisa qualquer, sem forma e vazia.

Nesta vida, estou amadurecendo. A prova disto é que começo a ver nascerem frutos, que surgem em forma de letras, aleatoriamente, não dependendo da minha vontade. Simplesmente tomam conta de mim e sinto uma necessidade intrínseca de arrumá-las em algum lugar. É como a vontade de ir ao banheiro para fazer o número dois, quando necessitamos de uma certa meditação para que a "coisa" saia.

Por isso, hoje, estou aqui, colocando minhas "coisas" pra fora. Uns chamam de fruto, outros de merda mesmo. Eu sou suspeito para denominar tudo isso utilizando qualquer substantivo. Gosto de alguns textos, de outros não; mas, como eu disse, são independendentes da minha vontade. Goste eu ou não, as idéias sempre tomarão conta de mim acompanhadas de uma obsessiva necessidade de registro.

Hábitos de consumo: tudo o que tiver letra. De rótulos de maionese a legendas de televisão. O resto é quase igual a todo mundo: gasolina; arroz e feijão; luz, água e telefone; leite em pó das crianças.

Tenho um emprego que me dá condições de viver com um mínimo de dignidade, uma esposa que me ama - apesar da sensação de abandono que causo a ela por causa dessa necessidade de escrever -, um casal de filhos lindos - modéstia à parte, um carrinho para passear, se der vontade. Sou, portanto, um privilegiado. Confesso que busquei tudo isso - e consegui! Mas não é nem o começo: apenas comprei os ingressos. Agora que vou participar!


Wallace FAUTH
Em Campinas, 04 de julho de 2000
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