A TERCEIRA QUEDA DE JOSÉ DIRCEU
Nivaldo Cordeiro
04/08/2015
A coluna do José Simão, hoje, na Folha de São Paulo, caçoa com classe da figura de José Dirceu, que foi novamente aprisionado por conta dos crimes a ele atribuídos da Operação Lava Jato. Ele escreveu: “E eu sempre digo que a culpa é do Gabeira, que trocou o embaixador americano pelo Zé Dirceu!” Há mais do que um grão de verdade nessa tirada debochada. Comparar a trajetória do Gabeira com o Dirceu é uma boa trilha para entender porque ele foi aprisionado. Tinha sido a sua primeira parada no sistema prisional.
A geração de ambos viveu o tempo da luta armada contra o regime militar e ambos se engajaram na linha de frente. Dirceu foi aprisionado e Gabeira participou do grupo que sequestrou o embaixador americano composto, entre outros, por Franklin Martim e Cid Benjamin, libertando-o. Ambos fizeram trajetória política bem sucedida depois da abertura. Ocorre que Gabeira se enquadrou no regime democrático e abandonou a vã tentativa de fazer do Brasil um “paraíso” socialista, não obstante acalentar ainda algumas ideias românticas. Arrumou profissão descente e vive do seu próprio trabalho talentoso de jornalista.
Já Dirceu fez o projeto do PT, desde o princípio, como um meio de assaltar o poder e impor os métodos revolucionários. Substituiu a inútil tentativa de luta armada pelo voto, mas nunca trocou seus objetivos estratégicos. A chegada de Lula ao poder lhe deu as ferramentas para tentar um golpe de Estado, pela compra de votos no Congresso Nacional e pela nomeação de juízes alinhados com o PT nas cortes superiores de Justiça. Essa segunda tentativa foi adiada ou abortada com a PEC da Bengala, que prorrogou a aposentadoria dos atuais membros do STF.
A compra da consciência dos deputados precisou de dinheiro, muito dinheiro. O PT não consegue convivência democrática, tendendo sempre para o viés totalitário. Quis impor várias vezes a revolução por decreto, como aquele que instituiu a sovietização do Estado. Toda a revolução cultural estava sendo implantada a toque de caixa, tanto no Legislativo como no Executivo, até que o Eduardo Cunha assumiu a presidência do Congresso Nacional e lhe deu um basta. O fato é que o mensalão e o petrolão são siglas que remetem ao mesmo processo totalitário de anulação da vontade da maioria conservadora que compõe o eleitorado brasileiro.
Mensalão e petrolão são nomes que designam a maior engenharia de corrupção já arquitetada no Brasil e talvez em todo o mundo e constituem um único processo.
Em paralelo, para ganhar as eleições foi feita a maior compra de votos desde os tempos da República Velha, com a instituição dos programas do tipo bolsa-família. Foi a completa instrumentalização do poder de Estado para que o PT ficasse no poder. Ademais, as verbas legais e ilegais para propaganda política favorável ao PT foram sempre abundantes e crescentes. A reeleição de Dilma Rousseff foi o cume dessa propaganda enganosa, que prometeu mundos e fundos ao povo e seu governo tem feito o exato oposto das promessas eleitorais. Dilma Rousseff e o PT jogaram o Brasil na mais grave crise que se tem notícia, desde os anos Trinta do século passado, sem data para ser superada e sem que se saiba ainda onde é o fundo do poço. E sem um governante à altura para conduzir os destinos da nação.
Nesse esforço de propaganda enganosa o PT alocou verbas milionárias para pagar blogs e articulistas a soldo de suas patranhas. Os recentes depoimentos de delação premiada desvendaram o mecanismo de pagamento dessa ralé jornalística de aluguel, numerosa e ativa na internet.
José de Dirceu esteve no comando de todas as falcatruas para financiar essa “revolução por dentro” desde o início, tentando anular o Parlamento e, portanto, as vozes em contrário ao projeto revolucionário, a maioria do povo brasileiro. Quase conseguiu. Não fosse a inconfidência de Roberto Jefferson no mensalão e o mecanismo da delação premiada no petrolão certamente teria conseguido. O totalitarismo comunista do PT só não foi implantado in totum por pura sorte. O processo do mensalão foi moroso, mas concluído a tempo para condenar José Dirceu à prisão e retirá-lo da condição de sucessor de Lula à Presidência da República. Ontem ele novamente entrou em prisão, preventiva, pelos crimes do petrolão, o que poderá lhe custar os benefícios da progressão de pena de que está usufruindo. É provável que outros fatos virão com as investigações sobre o BNDES, o sistema bancário e todos os tentáculos que o governo federal possui e que podem ser transformados em chafariz de dinheiro. A fome de dinheiro sujo de Dirceu e do PT é insaciável.
A terceira queda de José Dirceu é também o fracasso do projeto político revolucionário de sua geração, que teve vida ativa até agora. O fracasso de Dirceu é também o fracasso da esquerda, não apenas a do PT. Em toda parte vemos a população brasileira despertando desse sono induzido da propaganda esquerdista e infringindo derrotas ao PT. Vimos emergir, por exemplo, nas eleições de 2014, o Congresso Nacional mais oposicionistas desde a posse de Lula, não obstante tudo e todos os recursos movidos para dar o poder total ao PT.
A terceira prisão de José Dirceu é fato a ser comemorado. É a prova definitiva de que, no Brasil, o Estado é maior do que o partido. Espero que pegue uma longa pena e saia de vez de circulação. Ele é um sociopata incurável e tem produzido grande mal contra os brasileiros. Acho que isso acontecerá.
Quem viver verá.
Acrescento: E o próximo será Lulla, o verdadeiro chefe da quadrilha de criminosos petralha, disfarçada de ‘partido dos trabalhadores’.