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Artigos-->Dois Pesos e Duas Medidas -- 03/09/2015 - 09:45 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Dois Pesos e Duas Medidas


 


Luís Mauro Ferreira Gomes (*)


 


23 de agosto de 2015


 


Se você é ou se diz de esquerda, socialista, comunista ou alguma coisa desse gênero, meus parabéns, “você não é uma pessoa comum”, é um progressista e merece tratamento especial perante a Lei. Em outras palavras, o governo procurará garantir-lhe imunidade penal, não interessa o crime que tenha cometido. Dirão que não há provas, mesmo se você tiver sido preso em flagrante.


 


Ao contrário, caso mantenha sua capacidade de pensar por si mesmo, livre do raciocínio enlatado dos chavões ideológicos, sinto muito, você é um cidadão de segunda classe, um desprezível conservador, um sem-direitos. E não ouse contrariar interesses do governo, sob pena de se ver acusado de algum crime grave. Pouco importa se a acusação é falsa ou verdadeira, você será beneficiado pela “presunção da culpa” e, previamente, condenado, pelo menos, até sucumbir à vontade imperial dos usurpadores do poder.


Vejamos alguns exemplos.


 


Por certo, o estimado leitor se lembra do extremo esforço feito pelo partido, até então dominante e candidato a único, para salvar suas lideranças, acusadas na Ação Penal 470, conhecida como Processo do Mensalão, e, agora, faz o mesmo, sensivelmente mais debilitado, com relação aos investigados da Operação Lava-Jato.


 


Estamos seguro de que também não lhe terá passado despercebida a estranha coincidência de o Procurador-Geral do Estado de Roraima ter sido preso pela Polícia Federal sob a acusação de pedofilia, justamente, às vésperas do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de representação contra a demarcação contínua da Reserva Raposa Terra do Sol. O Procurador foi demitido do cargo pelo Governador do Estado e, “convenientemente”, não pôde defender a posição do seu Estado, tendo o STF come-tido, como todos sabem, a insanidade de decidir pela demarcação contínua.


 


Agora, passados cinco anos, essa história, tantas vezes repetida, volta a acontecer. O Presidente da Câmara de Deputados viu-se denunciado pelo Procurador-Geral da República, de novo, “coincidentemente”, no dia em que se desenvolveria manifestação orquestrada por partidos de esquerda e movimentos sociais, cúmplices do governo, para promover frustrado “contraponto” às espontâneas manifestações populares em favor do impeachment da Presidente e contra seu partido e a corrupção que, tudo indica, teriam patrocinado.


 


É interessante observar que alguns comentaristas tentaram desmerecer a manifestação pro impeachment, de 16 de agosto, porque a ela teriam comparecido “apenas” quase novecentos mil participantes – menos do que na manifestação de 15 de março – mas ninguém tenha verbalizado, muito claramente, o grande fracasso da manifestação pró-Dilma, de 20 de agosto, que contou com a “extraordinária” presença de cerca de setenta mil pessoas.


 


Dentro da estratégia para salvar a Presidente, políticos petistas e seus comparsas de outros partidos, que fingem escandalizar-se com a denúncia contra o Deputado Eduardo Cunha – já esperada e tida como certa, considerando-se as conveniências do governo e o perfil do Procurador Geral da República – ameaçam tirá-lo da Presidência da Câmara, por conta de suspeição, não obstante, eles próprios tenham defendido, furiosamente, os caciques petistas do mensalão, mesmo depois de condenados e encarcerados, com condenação transitada em julgado.


 


A Presidente não sentiu nenhum constrangimento em compor-se com o Senador Renan Calheiros, mas, em contraposição, não lhe faltará a ajuda de seus de seus adversários para cortar a cabeça do Deputado Eduardo Cunha.


 


Por outro lado, qualquer observador honesto, por mais ingênuo ou desatento que seja, terá percebido o conchavo conhecido como Acordão, pelo qual o PGR esquivou-se de denunciar o Presidente do Senado Federal, como parecia que o faria, enquanto o Senador Renan Calheiros ainda contrariava as conveniências da presidente.


 


Depois que o próprio Procurador-Geral encontrou-se, recentemente, com o Senador, provavelmente para lhe garantir imunidade em troca de apoio à Presidente e de ser aprovado na sabatina para sua recondução ao cargo, como, provavelmente, o será, curiosamente, o citado parlamentar reverteu repentinamente o discurso oposicionista e ofereceu ao governo náufrago uma tábua de salvação ou boia, como a têm chamado os jornalistas, com a proposta de uma agenda (Agenda Brasil), imediatamente aceita, para justificar sua inexplicável mudança.


 


A certeza da impunidade é tanta, que nem sequer se preocuparam em disfarçar a manobra escusa, e as articulações espúrias foram explícitas.


 


Contudo, esse “acordão” deverá durar pouco, pois nenhuma das partes envolvidas caracteriza-se por cumprir a palavra empenhada. Isso, porém, é irrelevante, pois o conluio já terá cumprido sua finalidade: afastar o Senado da Câmara, para isolar o Deputado Presidente que se lhe opõe e, em seguida, livrar-se dele.


 


Dois pesos e duas medidas? Os gritos de “fora FHC” e “fora Collor”, como também o impeachment deste último, foram legítimos? E o “fora Dilma” e seu possível impedimento seriam ações golpistas?


 


Que os seguidores do petismo pensem assim, é compreensível, mas nós, que nos opomos a essa ideologia que nos tentam impor há tanto tempo e chegaram tão perto de consegui-lo, não podemos aceitar essa antilógica incoerente e sofista, quando estamos tão próximos de lhes interromper o ciclo nefasto.


 


Nossa maior preocupação, no momento, não deveria ser a corrupção, em si, nem a suposta “propina” do Deputado Eduardo Cunha, nem os crimes eleitorais ou de responsabilidade que a Presidente da República tenha cometido.


 


Não temos a ilusão de que se possa acabar com essa corrupção paroxística de um dia para outro. Depois de normalizada a situação política brasileira, os mecanismos jurídicos normais levarão anos para colocá-la novamente sob controle, mas nenhum avanço teremos nesse sentido, enquanto não eliminarmos o verdadeiro mal que nos aflige: a ideologia sectária das esquerdas brasileiras, que dependem da corrupção para sobreviver e a estimulam e usam para destruir nossas Instituições e se imporem à nossa sociedade.


 


Será inútil tentar combater a corrução, mantendo-se intacto o poder e a articulação dos partidos que professam tais ideologias espúrias e antidemocráticas. Os resultados serão sempre muito pequemos. Prova disso, encontramos em exemplo recente: mesmo depois das condenações do mensalão, o mesmo esquema de corrupção continuou a ser praticado e a alastrar-se, com muito mais intensidade, para outros setores.


 


Da mesma forma, de nada adiantaria afastar a Presidente da República e manter-se intocada a estrutura do PT, de seu aparelhamento do Estado e de seus tentáculos, os partidos coligados, as ONG, os movimentos ditos sociais e o foro de São Paulo.


 


Justamente isto é o que mais nos preocupa neste momento: a possibilidade de, afastada a Presidente, seja por impeachment, ou, principalmente, por renúncia, a falta de visão de uns e as conveniências de outros levem a considerar-se o problema revolvido. Assumiria o Vice-Presidente e tudo continuaria como antes, atacados apenas alguns aspectos econômicos, mantendo-se a estrutura construída pelo PT, com a persistência da progressiva deterioração dos nossos valores, das nossas tradições e das nossas Instituições, um pequeno recesso, enquanto se preparam para nova rodada. 


 


Agrava essa preocupação a fisiologia do PMDB e o fato de que algumas lide-ranças do PSDB não divergem muito, ideologicamente, dos petistas.


 


É preciso que o processo seja traumático e que fique muito clara a responsabilidade do PT por todo o mal que fez ao nosso Pais e, que se esvazie todo o capital político que tem e se destrua todo e esquema de poder que construiu, perdendo a Presidente da República o cargo como consequência, por ter sido coadjuvante, instrumento, cúmplice, no referido projeto ideológico de poder.


 


Seria desastroso tanto esforço para, simplesmente, trocarmos de mãos a caneta e a chave do cofre.


 


(*) O autor é Coronel-Aviador, atualmente, Presidente da Academia Brasileira de Defesa e Vice-Presidente do Clube de Aeronáutica.


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