FOGO-APAGOU
Fogo-apagou...
Seu cantar tão distante,
Tão choroso, tão constante,
Acalma o entardecer.
Já não é rola, é cantarina,
Ecoando sua sina de saudoso padecer.
Fogo-apagou...
Vai se espalhando no ar,
No violeta do espaço,
No azulado da serra,
E neste momento lasso,
Onde tudo para e espera,
Fogo-apagou encerra
Da noite o meigo abraço.
Fogo-apagou...que alívio
É da rolinha o convívio,
No pranto, na solidão.
Fogo dos meus anseios,
Apagados sem rodeios,
No canto de mansidão.
Da noite o doce abraço,
Vai chegando de mansinho,
No aconchego do ninho,
Que fogo-apagou nidilou.
Fogo-apagou...apagou...
Entre plumas e arrulhos,
Entre folhas e murmulhos
Do anoitecer no regaço
Fogo-apagou...seus cantares
Seguiram os dias meus,
Nos folguedos, nos pomares,
De melancólico adeus.
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