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Poesias-->Macumba em frente da Igreja -- 24/05/2003 - 18:28 () |
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Naquele lugar ermo, adaptado à escassez da chuva/
Existia uma Igreja na frente de um Hospício abandonado/
A pequena quantidade de fiéis que acordavam todos os domingos/
Antes da ocasião propícia/
Às vezes ainda de madrugada/
Sentiam os resquícios da chuva do mês passado/
Deixavam o padre nervoso,que ainda dormia com a televisão ligada/
Estava muito frio e na ausência do calor, todos foram entrando rápido/
Enquanto o padre ainda regava suas plantas/ xerófilas e alimentava seus peixes no aquário/
Os fiéis rezavam um Pai Nosso baixo,para não acordar os pássaros que ainda dormiam na ameixeira na frente do Hospício/
E ninguém percebeu a macumba com velas já apagadas/
A habitual garrafa de bebida alcoólica/
Charutos e cigarros,uma garrafa de coca-cola de dois litros,pela metade/
Dois hamburgers do Mac Donalds sendo consumidos por formigas/
E outros insetos que vivem em sociedade,debaixo da terra/
Larvas desprovidas de patas,alongados,inteiramente moles/
Os mesmos que consomem nosso cadáver enterrado/
De longe parecia uma doação ao fome zero do molusco cefalópode marinho/
Que saiu do mar para expor à vista suas incoerências/
Mas era apenas uma Macumba diferente,ao invés de animais mortos/
Tinha amálgama,uma tulipa dentro de uma caixa circular envidraçada/
Será que a Macumba era para algum dentista?
Ou então eram apenas gestos excessivos para impressionar/
Não era uma encruzilhada onde a Macumba estava/
Acontecimento difícil de explicar e que se atribui a artes diabólicas/
E no sermão do dia o padre dizia que o diabo não existia.
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