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Contos-->Um Ponto Luminoso. -- 07/08/2000 - 22:04 (Carlos Delphim Nogueira da Gama Neto.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Um Ponto Luminoso .


Pouco sei sobre o seu passado ! Exceto que, fora garimpeiro, funcionário público e que, seria sempre um viandante.
Descendente de árabes, dizia o nome. Provavelmente beduínos - demonstrava estar sempre pronto para partir.
Dizia ir a caminho dos setenta. Poder-se-ia aceitar, por alguns detalhes físicos. Porém, se lhe observássemos o semblante, a disposição, a disponibilidade e a alegria, veríamos serem próprios de um jovem com menos de trinta anos.
Grandalhão, forte - no corpo e no vozeirão - o abraço acolhedor, dava a sensação de amparo incondicionado.
Aquela estrada, fora no passado meu caminho quase diário, durante alguns anos.
Agora, morando longe dali, raramente; muito raramente, era meu caminho.
Em uma dessas passadas esporádicas, observamos aquela cabana ( não era mais que isso, feita de "costaneiras ", sem rejunte ) na beira da estrada. Um cavalete de pintura e alguns quadros pelas paredes externas.
Curiosos, paramos para observar o trabalho do artista e, assim conhecemos o Camel.
Agradou-me muito, um dos quadros ( a cabeça de um gaúcho ), porém o momento econômico não era o mais propício para uma extravagância; mesmo que pequena.
Mas, como é próprio do verdadeiro artista, estava o Camel pouco preocupado com o dinheiro; mesmo que lhe fizesse falta. E, demonstrava a confiança dos espíritos leves, desprevenidos.
- Se realmente gostou do quadro, leve-o. Uma outra vez que passe por aqui, você paga ! - disse ele.
Levei o quadro. Paguei no dia seguinte, na volta para Santos.
Tornamo-nos amigos.
Uma visita a ele, era até pretexto para uma pequena viagem, ou, em viagem normal, uma parada para um café frio e sem açúcar acompanhado de um dedo de prosa, fazia já, parte do programa.
Quando da última visita, em 14 de novembro, ele apresentava uma (aparentemente pequena ) dificuldade respiratória e, optou trocar os cigarros, pelo cachimbo.
Quatro meses ausente, passo pela estrada e, no mesmo ponto a cabana. Porém, fechada.
Terá ido comprar molduras - penso.
Na volta, no dia seguinte, tudo na mesma.
Intrigado, resolvo voltar atrás e perguntar por ele, em uma lanchonete, também de beira de estrada.
Ali, fico sabendo que, no dia l5 de novembro, um dia depois de nossa última conversa, um derrame livrou-o do peso da carcaça ( alguns dias depois ).
Tratei de sufocar o egoísmo e alegrar-me pela liberação da luz e da energia positiva contidos naquele corpanzil amigo.
Agora, se passo pela estrada durante o dia, sei que não mais irei vê-lo e, me conformo.
Porém, à noite e, sem luzes artificiais, olhando para o céu, poderei imaginá-lo em algum ponto de luz brilhando no firmamento.


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