O ator em si amarrado
Na falsa bolha branca
Manejador da palavra
Esconde dor mais franca
Sangue descendo ao rio
Manchas talhadas de frio
Que a contrafé estanca
Fome gritada ao ouvido
A boca assassina impele
Coração manso não viu
Ódio curtido que fede
Rádios de toda cidade
Discurso sem caridade
A nova lei não impede
Homens que dizem crer
Amante noutra chacina
Em liberdade ilusória
Oferta noutra propina
A pregação já nodosa
Da solução enganosa
O pecador recrimina
Profetas que ouvirão
O mesmo anal da mentira
De boca em boca serão
Deuses que deuses fira
Todos de olhos vermelhos
A guerras dos evangelhos
O ódio espalhando gira
E mais um olho em brasa
Línguas por si repartidas
Sem coesão a palavra
Jesus rasgado em tiras
Não há pobre que não siga
Não há ímpio que se diga
Do partido das mentiras
Pragas de trevas no céu
Inferno de novo milagre
Anunciado outro deus
Ainda novo em idade
Outra opressão ao fiel
Mais anjos de Beliel
Mascarados de verdade