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Artigos-->cinema novo -- 07/04/2002 - 15:10 (menina pontilhada) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A falência ou retraimento dos estúdios cariocas e paulistas, alinhada à renovação do cinema na Europa e América Latina, abriu espaço para um sentimento revolucionário em jovens cineastas do Rio de Janeiro e da Bahia, que no início dos anos 1960 se insurgiam contra o industrialismo da Vera Cruz e a alienação cultural das chanchadas. Cada um com seu estilo e suas preocupações próprias, convergiam no interesse por um cinema barato, feito com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, e que refletisse e discutisse a realidade brasileira sob um ponto de vista nacional-popular. Surgia o cinema novo, um divisor de águas da própria cultura brasileira.

O impacto neo-realista (ver Cinema italiano) de Agulha no palheiro (1953), de Alex Viany, Rio 40° (1955), de Nelson Pereira dos Santos, e O Grande momento (1957), de Roberto Santos, assim como a influência da nouvelle vague (ver Cinema francês) e da teoria do cinema de autor, foi fundamental na formação de cineastas como Glauber Rocha, principal ideólogo do movimento, Paulo Cesar Saraceni, Carlos Diegues, Leon Hirszman, David Neves, Joaquim Pedro de Andrade e outros, que integrariam a linha de frente inaugural do Cinema Novo. Obras profundamente enraizadas no cotidiano e na mitologia do Nordeste brasileiro (o sertão) deram corpo ao movimento: Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, Deus e o diabo na terra do sol (1964) e O Dragão da maldade contra o santo guerreiro (prêmio de melhor direção do Festival de Cannes de 1969), ambos de Glauber Rocha, Os Fuzis (vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim de 1964), de Ruy Guerra, e A hora e a vez de Augusto Matraga (1966), de Roberto Santos.

A face urbana do cinema novo foi desenhada por filmes como Os cafajestes (1962), O desafio (1965), de Paulo Cesar Saraceni, Cinco vezes favela (1965), filme em episódios de diretores diversos, A grande cidade (1966), de Carlos Diegues, e Terra em transe (1967), de Glauber Rocha. O cinema brasileiro incorporava ao seu rol de personagens as minorias, operários, desempregados, imigrantes e outros emblemas dos desequilíbrios sociais do país, além de dramatizar os dilemas dos intelectuais com o regime instalado pelo golpe militar do movimento de 1964. Inventava-se também uma nova estética mais espontânea, formalmente ousada e intencionalmente descolonizada em relação aos padrões de Hollywood. Foi o período de maior evidência internacional do cinema brasileiro.

O cinema novo, já sem coesão, entrou pelos anos 1970 revisitando temas do Modernismo (Joaquim Pedro de Andrade), aproximando-se do movimento tropicalista (Brasil ano 2000, de Walter Lima Jr.) e enveredando pelas alegorias para escapar à censura militar (Os herdeiros, 1969, de Carlos Diegues, Azyllo muito louco, 1970, de Nelson Pereira dos Santos). O movimento, contudo, segue como parâmetro estético-político até a atualidade.

Fora da hegemonia do cinema novo, Anselmo Duarte conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1962 com o clássico O Pagador de promessas; Luis Sergio Person fez obra pequena mas forte e Walter Hugo Khouri construiu, a partir de 1954, uma sólida carreira voltada para temas existenciais. O gênero cangaço (sobre bandidos sertanejos do início do século XX) ganhou a forma de ciclo nos anos 1960.

Do mesmo modo, os documentários conheceram um impulso inédito na década. Depois dos influentes Arraial do Cabo (1959), de Paulo Cesar Saraceni, Aruanda (1960), em que o paraibano Linduarte Noronha reproduziu a vida de ex-escravos, e Maioria absoluta (1964), abordagem do analfabetismo por Leon Hirszman, o produtor paulista Thomas Farkas mobilizou diversos cineastas na captura da vida e da cultura populares no Rio, São Paulo e Nordeste. Nomes como Geraldo Sarno, Maurice Capovilla e Paulo Gil Soares firmaram-se nessa série de documentários curtos (1965-1970) influenciados pela ética e as técnicas do cinema-verdade.



O sucesso dos filmes de Roger Vadim, estrelados por Brigitte Bardot, dos quais E Deus criou a mulher (1956) foi o primeiro, mostrou que havia um mercado potencial para os filmes dirigidos ao público jovem. Alguns produtores começaram a apoiar outros jovens cineastas capazes de trabalhar rápido ou com recursos mínimos. Quem melhor soube aproveitar essa oportunidade de produção foi um grupo de jovens críticos, entre eles Claude Chabrol, Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, Eric Rohmer e François Truffaut, que, enquanto estudavam cinema nas telas da cinemateca francesa, fundaram com o apoio de André Bazin os Cahiers du Cinéma, que se tornou a revista de crítica cinematográfica de mais prestígio no mundo.

O trabalho desses diretores, que deram forma ao movimento da nouvelle vague francesa, não respeitava a estrutura tradicional dos roteiros e as transições formais suaves, realizava vigorosos movimentos de câmera, modificava o eixo da ação e rejeitava o brilho da iluminação de estúdio. Godard, Truffaut e o diretor de fotografia Raoul Coutard lideraram a volta às locações naturais, inclusive nas cenas de interiores. Essa forma de trabalhar encaixava-se com perfeição à espontaneidade de novos intérpretes como Jeanne Moreau, Anna Karina e Jean-Paul Belmondo. Durante esse período merece destaque também a obra mais convencional de Louis Malle.



Após a queda de Mussolini, em 1943, e a libertação em 1945, nasceu na Itália uma escola que propunha uma nova forma de ver o cinema: o neo-realismo. Como os estúdios da Cinecittá estavam sendo utilizados para abrigar os refugiados, os cineastas saíram para as ruas para contar histórias sobre a resistência e a vida quotidiana do pós-guerra. O filme emblemático do neo-realismo é Roma, cidade aberta, de Roberto Rossellini, com roteiro de Federico Fellini, embora a principal precursora do movimento tenha sido Ossessione (1943), de Luchino Visconti. Pouco depois a equipe de diretor-roteirista formada por Vittorio de Sica e Cesare Zavattini realizou o famosíssimo Ladrões de bicicletas (1948), considerado um dos melhores filmes da história do cinema.

O neo-realismo teve de enfrentar uma distribuição deficiente e a hostilidade frontal de um governo preocupado com a imagem que esses filmes transmitiam da Itália, o que contribuiu para que seus autores o fossem abandonando, em busca de um cinema mais lucrativo.



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