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Humor-->O MINEIRINHO (O RETORNO) -- 05/04/2000 - 23:37 (Mario Galvão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Pois é.
Depois que incluí aquela estória do mineirinho na Usina de Letras, apareceram outras estórias envolvendo outros mineirinhos.
Em todas elas, presente a mesma característica: mineiro não se compromete.
Pois então, sô.
Tava o mineirinho, lá no norte de Minas, sentado à beira da estrada, agachado, acocorado naquele jeitinho mineiro do Jequitinhonha, picando seu fumo de rolo, fazendo mais um cigarrinho de páia, prá pitá, mór de passá o tempo antes do sol se pô.
Passa um paulista, num carrão importado. Levantando pó na estrada, estaca, freiando bem em frente ao mineirinho.
Imponente:
--Meu caro amigo sertanejo. Diga-me. Esta estrada, se eu seguir reto e depois virar a esquerda, vou sair em João Monlevade?
O Mineirinho assunta bem o jeito do cidadão e responde, depois de cuspir pro lado:
--Ói moço, prá dizê a verdade, sei não sinhô...
O paulista não desiste:
-- Mas se eu seguir em frente e virar à direita mais adiante, vou dar onde?
O Mineirinho continua meio desconfiado:
-- Mõço, eu num ando muito longe aqui dessas minha parage. Prá falá a verdade, eu tamém num sei não sinhô.
O paulista perde a paciência:
-- Seu mineiro ignorante, me diga pelo menos se esta estrada aqui vai prá Belo Horizonte?
O mineirinho também não é de deixar sem resposta. Dando outra cuspadinha pro lado, mal levantando os olhos, assegura, agora um pouco mais alto:
-- Ói moço, posso sê gonorante, mais num tô perdido num sinhô...
O homem do carro importado ainda arrisca uma última vez:
-- Meu amigo, tenha paciência! Eu só preciso saber se esta estrada vai para Belo Horizonte ou não? Responda-me ao menos isso:
O Mineirinho jamais se comprometeria e lasca esta preciosidade, depois de ajeitar o chapéuzinho de palha no cocoruto da cabeça, deixando ele meio descambado para o lado:
-- Ói moço, num sei mermo, me adiscurpe, si vai ou si num vai. Mais, si for vai fazê muita farta prá nóis aqui nessa região.
O paulista arranca com tudo, largando uma nuvem de poeirama, vociferando palavrões. O barulho do ronco do motor some dali a segundos, na curva mais próxima.
O mineirinho continua ali, imperturbável, passando vagarosamente a lâmina do canivete no toco de fumo, enrolando a palha, agachado, como se o resto do mundo não tivese, como realmente não tem, qualquer importância.
-- Eta gente mais nervosa dos nervo esses paulista..
E tira uma baforada gostosa do cigarrinho já pronto, enquanto o sol descamba no cerrado e os primeiros sapos e grilos começam a sinfonia da noite na vastidão da várzea detrás da casinha de páu a pique.
Um nhambu chororó pia lá longe
Pru..pru..pru...pruuuurruurururu...

Mário Galvão é jornalista e profissional de RP


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