Usina de Letras
Usina de Letras
14 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10388)

Erótico (13574)

Frases (50677)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3310)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Diferentes -- 10/11/2002 - 01:17 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Diferentes

Quem não os conhecia direito, nunca poderia dizer que eram tão diferentes assim.
Ele gostava da noite, ela da manhã. Por isso, ele era a lua e ela, o sol. Mas ele era o sol quando ela era a chuva. E se ela fosse o sol de novo, então ele seria a sombra.
Quando ele era o doce, ela era o salgado.
Ela era eficiente. Ele, complicado.
Ela era ácida, ele básico.
Ela era ímpar, ele par.
Ela era irritadiça e impaciente, enquanto ele era de uma paciência irritante.
Ela apenas gostava cinema. Ele adorava.
Ela adorava Frank Sinatra, ele apenas o respeitava.
Ela era Marisa Monte. Ele, Woody Allen.
Ela adorava nozes. Ele achava que comer nozes devia ser só um pouco diferente de comer casca de árvore. Ele gostava de pêssegos, mas ela tinha aflição da textura da casca.
Ela tinha hábitos, ele excentricidades.
Ela era o despertar, ele o adormecer. Aliás, ela adorava acordar cedo, enquanto ele, se pudesse, dormiria todos os dias até as dez.
Ela era a terra, ele o ar.
Ele era a brisa, ela o vento.
Ele era a folha da árvore no outono, ela a raiz no inverno.
Ela era a rocha, ele a argila.
Ela pertencia ao conjunto dos números reais, ele aos complexos.
Ela era o início, ele era o labirinto.
Ela não entendia como alguém pode mudar de opinião sobre alguma coisa, ele só de vez em quando concordava com isso.
Ela era o postulado, ele a hipótese.
Ela era o conto, ele o romance. Mas na maioria das vezes, ela era a dissertação e ele a crónica.
Ela era Machado de Assis, ele Guimarães Rosa.
Ela comia saladas e frutas, ele preferia carne de porco com Coca-cola.
Ela era concentrada, ele volátil.
Ela era o sangue, ele o vinho.
Ela tinha certeza, ele confiava.
E - ufa! - como se não bastasse, ela era palmeirense e ele, corinthiano.
O engraçado é que casaram e viveram felizes por toda a vida, apesar das suas diferenças. Há quem diga que foi assim graças a paciência dele, outros por causa da certeza dela. Outros ainda dizem que deram certo justamente por serem tão diferentes. Mas todos estão errados. Na verdade, aquilo que os manteria unidos por toda a vida era a única coisa que tinham em comum: os dois eram um só amor.



Renato Cação Cambraia às vezes é sensível e romàntico, apesar da sua força descomunal.

BECO/JORNAL A SEMANA - 09/11/02
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui