SOLIDÃO
S.Kalil Botelho
O sol entrou, de mansinho,
Pela fresta da janela,
Para espreitar a solidão
Reinante lá no meu quarto.
E, de mansinho, saiu
Com medo de assustar-me
Ou, quem sabe, assustado
Com tanta desolação?
Há tanta dor e tristeza,
Tanta mágoa e abandono
Na solidão do meu quarto,
Que o sol saiu tristonho.
Seu brilho desfez-se aos poucos,
Seu calor arrefeceu
E, atrás de nuvens negras,
Tristonho, se escondeu.
... ... ... ... ...
De passagem, inconstante
Como todas as mulheres,
A lua, uma velha amiga
Que me encanta e me seduz,
Muitas vezes me tem dito
Que nada falta ao meu quarto,
Mas que me surja, brilhando,
Um sol no meu coração.
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