Usina de Letras
Usina de Letras
144 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62230 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3238)

Ensaios - (10365)

Erótico (13570)

Frases (50626)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Pesadelo -- 17/02/2003 - 16:28 (Marco Antonio Athayde de Britto Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Entrou na casa sem nada falar. Atravessou o pórtico, cortou a sala e subiu a escada. Os degraus rangeram sob seus pés. Chegando ao alto, virou à esquerda e cruzou todo o corredor, se deteve em frente ao último quarto e bateu à porta. Como não obtivesse resposta, repetiu a batida, agora, com mais força. Um som indefinível do andar inferior chegava ali abafado. Esperou mais alguns instantes e, agachando-se, encostou o ouvido na folha de madeira; nenhum som. Olhou pelo buraco da fechadura e viu a escuridão que não permitia ser devassada. Girou a maçaneta lentamente... Acompanhado pela réstia de luz vinda de uma luminária grudada à parede, ele entrou de forma cautelosa. Fechou a porta atrás de si. O silêncio apertou-lhe a garganta; se houvesse necessidade não adiantaria mais gritar. Deixou a vista acostumar com a negritude e divisou o contorno do corpo na cama. Lentamente aproximou-se, e, estando já próximo, meteu a mão no bolso do casaco à procura de algo. O objeto fez-lhe volume nas mãos. Retirou-o do bolso o mais cuidadoso possível, mas ainda assim ouviu o leve tilintar do metal. O som pareceu-lhe tomar todo o quarto. Olhou para a cama e, numa eternidade sem limites, esperou por algum sinal de vida. Não houve movimento... Tateou à procura de algo e encontrando-o começou a puxar. O lençol veio-lhe às mãos. O corpo, descoberto, refletiu uma luz vinda de lugar algum. Ficou ali, parado, como que memorizando o quadro à sua frente. Não sentiu o vento frio esgueirando-se pela fresta da janela, não percebeu o breve balançar da cortina de tecido encorpado que escondia o mundo lá de fora. Suas mãos foram de encontro ao corpo que se enroscava na cama. Seus dedos passearam por toda a superfície. O contato de sua pele com a superfície fria daquele corpo causou-lhe arrepio. Apalpou o que lhe parecia ser o pescoço da criatura e sentiu o líquido viscoso e acre a esvair-se por um talho profundo. As garras então mexeram-se violentamente, agarraram-no e o sacudiu....
E então o menino morreu. Por estar desacompanhado, apareceu o dragão e arrancou sua alma pela boca... O menino então acordou...e não se perdeu nos rabiscos acesos do sol nascente como era o seu costume, tão pouco percebeu as carícias que o vento leve daquele dia novinho insistia em fazer na sua pele, assim como os seus olhos sequer buscaram as cores que o jardim exibia ou seus ouvidos adocicaram com o bate papo dos pássaros na amendoeira que sombreava sua janela. Era um garoto sem alma, portanto sem olhos, sem ouvidos, sem pele, sem nada além de um peito esburacado por um dragão idiota!
E o dragão era só os galhos da amendoeira que a lua teimava em empurrar para sua cama,assim como o líquido que encharcava os lençóis não era sangue, mas apenas o mijo noturno do moleque travesso.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui