Lá no ranchin onde eu moro
As parede é de adôbo
De terra batida, é meu ninho.
Com umas lembrança no peito
Me aperta quando me deito,
Vivo feliz tão sozinho.
Lá na conzinha do rancho
Na pratileira as panela
Fugão de lenha a queimá,
De manhãnzinha bem cêdo
Abano o fogo de leve
Que é prêle num se apagá.
No quarto que cama bonita
Das grande das de casar
Lençor de saco de acúcar
Bem lavadinho por certo
Que a mãe custo pra bordá.
Na sala, imendada com a copa
Tem uma mêsa de ipê,
Meu pai cortô cum trabaio
Pediu pro primo zé mário
Que é carapina, fazê.
Nun canto tinha um pote
Inrriba da cantoneira.
No arto tinha um retrato
Era do tio Torquato,
De assinatura, Teixeira
Nesse ranhin bem bonito
De muita alegre feição.
Um muié traidera
Bonita e muito faceira,
Morava com meu irmão
Ela era uma quenga daquelas
Cuns outro ia se incontrá.
Coitado do meu irmão
De nada sabia, mas soube,
Logo tratô de mata.
No peito daquela mardita
Um bala de chumbo entrô.
Sangue iscorreu pra barriga
Bem no imbigo parô,
Num foi nem dois minuto
E a miseravi michô
Vê se toma cumo exemplo
Pros ôtro num tê o que falà.
Num vai passar por traído
Por corno manso chifrudo,
Que "esse apelido", ninguém qué pegá.