AMOR ANTIGO
Não terás a minha dor
Para multiplicar teus gestos de adeus
No exercício infinito do teu desalento
Calei fundo meu lamento,
Para ti, coisa de momento,
Passatempo
Não terás a minha
Saudade
A te incomodar as horas
Na forma daquele sonho
Que jogastes fora,
Pedaços inteiros jogados ao vento
Perdidos na poeira do tempo
Não terás meu
Pranto
A te embalar o sono,
Solitário nas madrugadas vazias,
Quando a sombra da noite desafia o dia
Na neblina densa da agonia,
Tua única companhia
Não terás a minha
Esperança
A criar raiz no desencanto
Deste meu querer infeliz
Do qual te tornastes réu e juiz
E saíste sem uma cicatriz
Só terás de mim meu silêncio
Aflito
A mascarar este amor antigo,
Quase trôpego,
A seguir o rastro escuro do teu desamor
Que cultuou o luto como forma de amor
MORGANA
Rio de Janeiro, 03/06/03
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