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Artigos-->Veríssimo, o idiota que endeusa um patife como Brizola -- 11/01/2016 - 13:05 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O GLOBO - 10/01/2016



COLUNA - VERÍSSIMO



O I-MENCIONÁVEL



Da série "Quem diria?". Comecei a ter um espaço assinado no jornal em 1969, na

chamada "época brava" da ditadura. Governo Médici, censura à imprensa... Tudo o

que tem gente desfilando hoje para trazer de volta. A gente vivia testando os limites

do que podia ser dito. Não era raro escrever-se crônicas que, obviamente, não seriam

publicadas, só para desabafar. Nestes casos, tinha-se sempre uma crônica de

reserva, sobre a vida sexual dos anjos, para substituir a censurada. Apelava-se muito

para metáforas, na esperança de que os leitores entendessem as referências veladas

à repressão, o que quase nunca acontecia. Alguns limites do permitido eram claros.

Críticas ao governo ou a militares, nem pensar, por exemplo. Outros limites eram

menos explícitos.



Certa vez, proibiram uma crônica minha para o rádio porque comentava a Teoria de

Darwin sobre a evolução das espécies, que, tantos anos depois da sua publicação,

não teria mais nada de subversiva. Nunca entendi. Talvez a teoria da evolução

lembrasse macacos, macacos lembrassem gorilas, e gorilas lembrassem,

metaforicamente, generais. Enfim, os tempos eram assim. O que, definitivamente, não

podia era mencionar certos nomes. Dom Hélder Câmara, jamais. E mais grave ainda:

Brizola.



Se pudesse, a ditadura não só proibiria que se pronunciasse o nome Brizola em todo

o território nacional, como invadiria o cartório em que seu nascimento foi registrado e

queimaria tudo, apagando qualquer traço da sua existência. Ou mandaria

exterminadores ao passado para eliminar sua ascendência por várias gerações. No

fim, sua existência não pôde mais ser negada, e a ditadura permitiu sua volta ao

Brasil e à sua carreira. E o perigoso agitador, a alternativa armada e voluntariosa à

moderação do Jango, o fantasma que assombrou os generais durante tanto tempo, o

i-mencionável Brizola, ainda teve uma respeitável sobrevida política. Há dias o nome

de Brizola foi incluído, quem diria, no Livro dos Heróis da Pátria, no Panteão da Pátria

e da Liberdade. Brizola finalmente mencionado, com honras.

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