Dilema
Cristina Pires
05/2003
A bruma matinal copula as montanhas,
E rega a terra fértil com gotas de orvalho.
Enraíza a cicuta as minhas entranhas,
Envenenando escondidos atalhos.
O meu corpo foi a terra das tuas raízes,
O meu colo, a confluência do teu riacho.
A tua boca ? Bebeu sôfrega em chafarizes,
Germinando em outros solos, o escalracho.
Nada mais restou, senão o aroma de canela,
Misturado com rosmaninho e alfazema,
Fragrância adocicada de cada donzela.
Pândego, saciaste a sede de moscatel.
Deixaste em mim o eterno dilema...
De matar-te em versos de forma cruel !
|