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Contos-->Cadê Cadê? Cadê sumiu! -- 19/02/2003 - 10:39 (Sérgio Morango) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Mentira tem perna curta, mas as de Cadê, pareciam dois cotoco de tão curtas que eram.

Cadê começou sua vida de pabuloso ainda menino, era o nó cego do colégio, aprendeu sozinho tudo quanto era de presepada. Tinha apenas 9 anos quando vendeu merda engaiolada para Pereba, o menino mais abestalhado da vila, tinha esse nome por seu estado físico e mental, era tão lento e tão cheio de feridas que os outros meninos diziam que ele tinha pereba até no juízo. Voltando a história da merda engaiolada, Cadê jurou por “A + B” que o patafui de merda cantava, usou até de ventriloquismo para convencer o outro.

De cola em cola Cadê foi passando de ano no grupo escolar, e há quem diga que os professores ajudavam para se ver livre do diabinho. Já um rapaz taludinho começou a freqüentar vaquejadas, a família de Cadê tinha recursos, mas o pai vendo desde cedo a qualidade da cria não dava muito cabimento e levava Cadê as rédeas curtas no sentido financeiro, por outro lado isso alimentava a índole de enrolão que Cadê desenvolvia rapidamente, virou bom vaqueiro correndo pros outros (abro parênteses para lembrar que todo bom presepeiro nunca fica desguarnecido, tem a turma que incentiva só pra contar as histórias. Portanto Cadê não pagava senha de festa nem senha de vaquejada e carona não faltava).

De pedaço de prêmio foi juntando um dinheirinho, quando tinha cerca de 30% do valor de um bom cavalo resolveu comprar Calibre, o cavalo de Adriano. Calibre tinha sido um bom cavalo, foi nele que Cadê começou a correr, mas na ocasião Calibre tava doente, velho e ninguém montava nele com pena. Cadê argumentou que tinha muita afeição pelo animal, que queria cuidar de Calibre no fim da sua vida, que isso que aquilo, Adriano não se convenceu muito, mas como o cavalo não lhe tinha serventia, ele não se apegava em bicho nenhum e que na pior das hipóteses Cadê poderia estar com boa intenção, vendeu Calibre pela merreca que o “amigo” trazia.

Se passaram dois meses e ninguém tinha notícias de Cadê, diziam que ele tinha viajado pras bandas do Piauí, com três meses Cadê apareceu com um cavalo bonito, preto, pêlo brilhoso, forte e muito arisco, todo mundo ficou doido pelo animal e Cadê contando que o Vegas(o nome do animal), era filho de campeão, e que também era um garanhão, e o povo botando preço no cavalo, até que Cadê deu sinais de aperreio financeiro e comentou “tô precisando de dinheiro, mas só vendo Vegas pra Adriano que confiou em mim, me vendendo finado Calibre”. Nisso Calibre já tinha morrido de velhice pela boca de Cadê. Adriano ficou sabendo e mesmo sem conhecer o cavalo pessoalmente, só pelo que os outros falavam, procurou saber quanto valia o animal.

Procurou Cadê já com o dinheiro no bolso, Cadê ainda deu uma de arrochado quis valorizar o Vegas, mas quando viu o bolo de dinheiro se emocionou, mas ainda disse: “isso só paga a dívida que eu fiz, se você completar a senha da vaquejada desse fim de semana eu vendo”. Adriano comprou!

O cavalo de arisco, no outro dia tava mufino, o tratador estranhou, mas nada falou para Adriano, talvez fosse a ração, o ambiente, mas o que ele estranhou mais foi o fedor, um cavalo tão bonito e fedendo tanto, no 5º dia o fedor sumiu e o brilho de Vegas também, como o animal continuava quieto demais, o tratador resolveu chamar Adriano que estava em Natal tocando seus negócios, dia seguinte Adriano chega na fazenda, vai direto ver o tratador e já chega perguntando:

– Que história é essa que o pêlo do cavalo ta perdendo o brilho?

No que o tratador responde:
- O brilho, a cor e os músculos. Seu cavalo doutor, ta o couro e o osso!

Chegando na baia Adriano constata o relato do tratador, leva o cavalo ao banho e dá a ordem, - esfrega esse bicho até ver no que é que dá!

E de escovada e escovada foi descendo o caldo preto e surgindo o que? Nada menos que Calibre, do mesmo jeito que saiu dali meses atrás. Irado, Adriano chama dois peões da fazenda e manda ir buscar Cadê, - e se não encontrar traga Galego, aquele babão dele que participa de toda presepada que o safado inventa! Dito e feito não encontraram nem o rastro de Cadê e trouxeram Galego, que por conta dos protestos ainda levou umas mãozadas no pé do ouvido.

Quando Galego chegou na baia e viu Calibre teve logo uma crise de riso, e todo mundo começou a rir junto, inclusive Adriano apesar da raiva, Galego, vendo que a solução do problema não ia passar duma surra, começou a contar como Cadê preparou Calibre pra virar Vegas. Primeiro começou a dar anabolizantes em doses cavalares até pra cavalo, depois começou dar choque no bicho pra ele ficar arisco, cada vez que ele temperava a goela dava um choque em calibre, com o tempo o choque foi diminuindo, mas era só Cadê limpar a garganta pro cavalo ficar todo ouriçado e por último pintou o cavalo, notou então que a tinta saia fácil, então deixou de dar banho no cavalo e pra piorar o fedor ainda passava banha de porco pro pêlo brilhar.

Ouvindo aquela explicação toda Adriano mais calmo, porém ainda indignado, caminha até o animal e dá uma temperada de garganta violenta, pegando o velho Calibre de surpresa, o cavalo estribucha, estribucha , estribucha e cai fulminado por ataque do coração, Adriano com os olhos esbugalhados olha pro Galego e antes dele falar qualquer coisa o Galego diz em voz baixa, já respeitando o cavalo morto: “tem que temperar baixinho pra não assustar o bichinho”



por Sérgio Morango
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