Caroline, uma mulher jovem, solitária e carente, que desperta olhares e desejos.
Vive sozinha, pois sente-se bem assim... Não saberia delimitar seu espaço ainda que fosse com o amor de sua vida, por hora ainda não.
Inexperiente no que diz respeito a vida a dois, ao mesmo tempo batalhadora e guerreira no seu dia-a-dia na selva", está a procura de um amor, de uma pessoa que supra sua carência e preencha seu coração e sua vida, de muita felicidade, companheirismo, carinho,... Seus casos não passam de meses, acaba se frustrando e se resguardando com receio de se entregar novamente a um novo amor. Vive atenta aos olhares lançados a sua beleza, gosta do que recebe, e sempre diz:
- Qual a mulher que não gosta de se sentir desejada, admirada???... mas tudo não passa de flertes, é como se estivesse em uma redoma de vidro onde todos a observassem, impedindo a aproximação.
É uma pessoa difícil, exigente, perfeccionista, busca sempre a perfeição tanto nos seus atos para com o próximo como gosta de viver em um ambiente de pessoas que atendem seu nível de perfeição. Na relação afetiva, , idealiza o homem que sonha ter ao seu lado, flerta também mesmo sendo uma mulher a moda antiga que ainda acha que o homem deve se aproximar na hora do flerte, mas mesmo assim na hora da conquista deixa visível suas pretensões, alias entra no jogo da sedução. Mas o que realmente a aflige é quando na verdade não o encontra, se frustra mais uma vez por seguir seus parâmetros ultrapassados que regem seus princípios, admite isso, embora seja difícil enfrentar.
Uma tarde de domingo, estava a pensar e admirando a bela tarde que fazia de sua janela... um dia ensolarado, perfeito para uma viagem a dois.
Mas novamente estava sozinha, sem poder ligar para as amigas pois sabia que estariam na companhia de seus namorados e não viu outra opção a não ser ficar por ali, na companhia de seus pensamentos. Até que em um Edifício vizinho avistou um rapaz, já havia percebido ele antes, mas não deu importância, pois tinha uma mulher e criança por perto, até porque destruir lares não estava em seus planos. Ele olhava fixamente em sua direção, ela respondeu com uma jogada charmosa de cabelos... até que o telefone tocou, correu para atende-lo nada de importante, voltou a janela mas lá não havia mais ninguém. Retornou então, ao seu mundinho frustrado... Os dias foram passando e a curiosidade em saber quem era aquele homem foi aumentando. Daquele dia em diante, não saia da janela afim de tentar desvendar o que tivesse ao seu alcance... Percebeu, que naquele apartamento não havia mais a mulher que avistou da primeira vez, aquilo a intrigou... Porém a criança era vista somente aos finais de semana, pode concluir então, ainda que precipitadamente, que estivesse morando sozinho... E o que mais a deixou pasma foi o fato de ele estar a frente dos afazeres domésticos, mesmo que hoje seja comum essas ações por parte dos muitos homens que vivem sozinhos. Ela olhava atentamente, o seu estender de roupas na área de serviço, o tratamento com a criança que brincava na sacada de seu apartamento, o vai e vem da vassoura envolvida em suas mãos quando estava a limpar, a lavagem minuciosa que fazia em sua sacada para mantê-la sempre limpa,... Enfim, diversas ações que a deixaram realmente muito surpresa, estava certa que aquele era o homem que gostaria de ter ao seu lado... O pouco que conseguiu desvendar fisicamente dele, era uma tatuagem cobrindo parte de sua pele que revestia seu braço forte num corpo másculo.
Ao cair da noite, a vontade de estar naquele apartamento aumentava, poder toca-lo e ser tocada carinhosamente, morosamente, sentir seu beijo delicadamente em sua boca, delirava só de pensar... Mas a ausência de coragem, tornava suas vontades cada vez mais distantes, longe de se concretizarem, mesmo porque os indicativos de que ele correspondia era ainda de um homem comprometido, mas que naquele instante, mesmo receoso do que pudesse encontrar no apartamento dela, lançava seu olhar descomprometido.
A fim de dar um basta nas assombrações do passado, Caroline deu seu primeiro passo rumo a felicidade. Mesmo de longe, na primeira oportunidade tentou comunicar-se com o homem, perguntando o número do seu telefone. A priori ficou muito apreensiva, pois não sabia como ele reagiria, mas não demorou muito em receber um belo sorriso acanhado... Foi então, que ele saiu de sua sacada repentinamente, e ela sem entender nada, ficou ainda mais nervosa por não saber se havia alguém com ele, afinal ele não respondeu a sua pergunta... Mas de repente surge ele, ainda com seu belo sorriso estampado na face dizendo:
- Anote aí!!!! 3 - 4 - 8 - 1 - 5 - 5 - 5 - 6. Estou a sua espera !!!!
Rapidamente Caroline o anotou, e dirigiu-se ao telefone. No primeiro toque ele atendeu:
- Alô??
- Oi sou eu, sua vizinha. Está sozinho??? perguntou Caroline com sua voz sensual.
- Estava a sua espera, já não agüentava mais tanta angústia em esperar você se dirigir a janela para apreciar sua beleza.
Ela ainda trêmula e sem saber o que dizer respondeu:
- Que bom saber, estava receosa quanto a você estar sozinho ou não. Mas já não dava mais para ficar do outro lado da janela, acho que um de nós deveria fazer algo.
- Concordo com você, gosto disso, mulher decidida, sabe o que quer. Se você quiser, poderíamos estreitar nossa conversa, como por exemplo nos encontrar, o que acha??? perguntou ele.
- Adoraria, afinal ficar nessa janela não é nada confortável!! brincou ela.
- Estaria bom para você nos encontrarmos no bar After Dark às 8:00hs??? perguntou ele.
- Combinado, pra mim esta ótimo.
- Passo então na sua casa, mas ainda não sei seu nome...
- Me chamo Caroline. Procure pelo apartamento 36, estarei a sua espera, um beijo.
- Um grande beijo pra você também. disse ele carinhosamente.
Ela correu para para se aprontar, passada horas e horas de dúvidas na escolha da roupa, decidiu-se pelo pretinho básico, mas ao mesmo tempo fatal, pois queria através dessa escolha descrever toda sua personalidade.
Chegada a hora marcada o interfone toca.
- Caroline, o Fábio está a sua espera. disse o porteiro.
- Diga a ele que já estou descendo. respondeu ela, que a priori estava decidida a não manda-lo subir.
- Fábio, então esse é seu nome. pensou ela.
Na chegada, ao se verem, lançaram seus olhares de desejo e felicidade, e cumprimentaram-se com um caloroso beijo, ainda no rosto.
Direcionaram-se ao bar, conversaram, dançaram, e não mais descolavam seus lábios em ardentes beijos...
Saíram do bar por volta das 02:00 hs da madrugada, mas a noite ardente não acabara por ali. A indecisão de subir ao apartamento dele a corroia, pois estava fora dos seus princípios, se entregar logo no primeiro encontro. Mas o desejo falou mais alto... Subiram e se amaram, loucamente, mas ele com seu jeito todo carinhoso, a despia cuidadosamente apreciando minuciosamente cada parte do seu corpo. Ela, já fora de si, o acariciava de forma tal que em instantes se encontraram numa explosão de sentimentos que invadiram seus corpos.
Iniciava-se ali, um romance que para ela não duraria somente meses e sim anos de muita felicidade e amor. Para ele o recomeço de uma nova vida, já que fazia seis meses que estava separado.
Mas um detalhe ainda permaneceu entre eles, a janela, pois ainda que tenham encontrado a felicidade não hesitaram em continuar morando em casas separadas, acreditam que essa forma de amar só tem a fortalecer a relação, mas não descartam a hipótese, em um futuro não muito distante!!!
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