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Artigos-->Comentário geopolítico do coronel Gelio Fregapani -- 08/03/2016 - 13:42 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


COMENTÁRIO GEOPOLÍTICO 238 de 09 de março de 2016



 



Assuntos:  Considerações sobre: Economia, Petrodólares, Situação dos BRICS e assuntos pouco pensados



 



Considerações sobre a economia



            A incrível ladroagem dos nossos políticos ameaça destruir a economia, mais ainda pelas medidas erradas e pelo aspecto psicológico do que pelo imenso volume das propinas e desvios. Dentre os círculos perversos dessa situação destaca-se a destruição das grandes empresas nacionais.



Ora, preservar as fontes de receita é da lógica elementar, mas alguns tontos não agem assim, aproveitam-se da necessária faxina na corrupção para matar as empresas que são as pagadoras de impostos, os quais se sustentam todos os componentes das ações governamentais.



            Apesar de envolvidas no pagamento de propinas (exigidas pelos políticos)  as melhores empresas brasileiras, tem mais de cem anos e operações em dezenas de países e devem ser preservadas, sem prejuízo da punição dos corruptos.



            Ao se difamar essas empresas, com holofotes da Globo se as destrói, pois elas  dependem de sua reputação e credibilidade, para obter contratos, financiamento, confiança dos fornecedores e de trazer divisas para o Brasil.



            Também incoerente é o aumento dos juros sob o pretexto que a inflação estava subindo. Naturalmente, a elevação da taxa de juros não evita a inflação, mas causa a recessão.A falácia de que juros altos combatem a inflação tem uma suspeita: Talvez seja uma manipulação de bancos como Goldman Sachs, Morgan Stanley, JP Morgan Chase e Citibank, pois além de aumentar o custo da produção,os  juros altos matam o empreendedorismo. Por que alguém arriscaria num empreendimento se com o mesmo capital pode ganhar mais sem se incomodar?



            A primeira coisa a fazer para recuperar a economia seria baixar os juros e se os credores quiserem retirar seu dinheiro (que não existe)?  Imprima-se, ou se crie restrições à retirada de grandes somas. Algo assim provavelmente será feito.



            Sobre a desvalorização do Real, embora não intencional, foi uma benção; propiciou um alívio à industria e ás contas correntes. Para comparar, a diferença com a Grécia é que lá não tem moeda própria e não podem desvalorizar o euro.



 



Quando será fim do ‘petrodólar’?



            O dólar é a principal moeda de reserva em todo o mundo e a venda de petróleo em dólares é essencial para  manter sua demanda  como moeda básica das reservas nacionais. A possibilidade de emiti-lo é um dos pilares da hegemonia dos EUA.



O dólar ainda parece seguro. Quem tentou vender petróleo em outra moeda – Sadam e Kadafi,- foram imediatamente "neutralizados" e o único rival, -  o euro, passou a ser visto como de mais alto risco desde a crise da Grécia.



 Entretanto, o dólar, impresso sem controle, só mantém seu valor porque os países o entesouram como reserva e grande quantidade de dólares  se mantem sem entrar em circulação. O dia em que for aceita outra moeda o dólar perderá o valor.



             Agora a Rússia ameaça esse processo. Começou com o fornecimento a China em rublos e yuans e ambas oferecem ao BRICS comércio em moedas locais e o esquema é forte demais para ser desmanchado a manu militarii.



Se conformarão os EUA com essa nova situação? Limitar-se-ão a pressões econômicas?             Ninguém sabe.



 



O BRICS vai morrer? 



            O jornal ‘Financial Times’ previu a morte iminente do Brics, estando os gigantes das commodities como Rússia e Brasil em dificuldades insuperaveis.



             A situação explorada pelo “Financial Times” de que o BRICS estaria em frangalhos se baseia nas estatísticas de “recessões cada vez mais profundas no Brasil e na Rússia” –  fatos indiscutíveis, assim como as preferências dos investidores estrangeiros por países mais afinados com o stablishment financeiro. Baseado na perda do valor das commodities a conclusão do jornal poderia ser uma correta avaliação do cenário atual.



            No entanto,  não se sabe se a baixa do petróleo e das outras commodities é estrutural  ou apenas cíclica. A avaliação que  os BRICS estejam mortos é duvidosa, pelo menos pelos motivos alegados. Na verdade é apenas o desejo deles, de enterrar o BRICS. De qualquer forma o BRICS se desmancha se o Brasil se afastar, pois faltará ao grupo a segurança alimentar. Provavelmente é este o objetivo real da oligarquia financeira mundial.



 



Já pensou?



            Que a diplomacia e o comércio internacional, sem forças armadas, são somente exercícios de retórica? Que até a minúscula e paupérrima Coreia do Norte é respeitada por suas armas nucleares enquanto o gigantesco Brasil é menosprezado e ridicularizado sem possibilidade de reação?          



            Que 75% dos campos petrolíferos do planeta  estão em acentuando declínio na produção e que a médio prazo o suprimento será menor do que a demanda, valorizando as  reservas do Pré-sal?



            Que temos garantido o suprimento energéticoe que,  com o barril de petróleo a US$ 30, não interessa exportar agora? Que abrir novas licitações neste cenário  é uma irresponsabilidade? Que propiciar o alijamento da Petrobrás em novas licitações é ultrapassar a irresponsabilidade e está no limite da traição?



            Que manifestações para expulsar os corruptos é ótimo, desde que não venham ajudar aos também ladrões. Talvez seja melhor deixar que as quadrilhas briguem entre si e só intervir para manter a ordem.



            Que a situação política poderia ser pior? Que se o Roberto Jeferson não tivesse querido se vingar, o Dirceu teria sido o presidente?



            Que por exclusão entre os presidenciáveis honestos só resta o Bolsonaro? Que há quem o acuse na imprensa de querer nacionalizar o Nióbio, de não gostar do Kit gay nem do tamanho das reservas indígenas, que quer a pena de morte, que quer disciplina  nas escolas etc? E que essas acusações só lhe aumentam o apoio?



                        Que o nosso País perdeu mais de 23 milhões de hectares de agricultura e pecuária, em dez anos, para unidades de conservação e terras indígenas e que os ambientalistas querem transformar mais 30 milhões  de hectares de lavouras em mata nativa?



            Que as usinas de Jirau e Santo Antônio não estão escoando toda a energia que produzem por conta de sabotagens nas linhas de transmissão, que se acredita serem inspirados pelas ONGs?



            Que a união faz a força, mas estamos a dois passos de uma guerra civil?   Que dá impressão que nem começou ainda mas que há muita coisa por vir. Que uma nação dividida é sempre um alvo fácil?. Que os políticos não podem resolver o problema, porque o problema são eles.



 



BRASIL, DESPERTA!



Que Deus inspire o nossas decisões



Gelio Fregapani



 



ADENDO1



Revolução Tribalista viciosa



Caríssimos amigos.



A Raposa/Serra do Sol foi apenas mais uma traição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através de seu velho amigo, Ministro do STF - AYRES BRITO, por ele nomeado e, relator do processo de demarcação em área contínua da referida gleba, cuja finalidade era a expulsão dos não índios, inclusive os plantadores de arroz irrigado com tecnologia e aviação agrícola para pulverização aérea. Eram eles que sustentavam economicamente o Estado de Roraima.



As ONGs e seus patrões, (países hegemônicos), queriam a área de 1.700.000 hectares, de qualquer maneira, para apossar-se de nossas riquezas minerais nela contidas, como vem acontecendo após sua entrega pelo STF.



Nosso traidor lesa-pátria, não vacilou. Entregou tudo e, ainda por cima, mandou o comunista Celso Amorim, protocolar na ONU, a concordância do Brasil em reconhecer os "Direitos Universais dos Povos Indígenas", completando a entrega oficial oficial (aos estrangeiros), de 13% de nosso território, 1.105.000 km², fingindo ser essas terras para os índios. 



Querem saber por quê? Foi porque ele pretendia, após deixar a Presidência da República, ser "Secretário Geral da ONU", pensando em se tornar um líder mundial. 



Meu DEUS, quanto mal esse indivíduo causou à nossa nação e as gerações futuras, nossos filhos e netos.  Para saber tudo, sugiro que leiam meu livro - Invasão Silenciosa da Amazônia  Basta solicitar em meu e-mail – luizjmendonca@gmail.com



Grande abraço.



Caros amigos e demais leitores patriotas:. Segue uma entrevista do índio Silvestre Leocádio da Silva   para a revista "O Catolicismo"



Luiz José Mendonça. 



 



Revista "o Catolicismo" — O senhor é índio macuxi?



Indio "Silvestre" — Sim, tenho duas etnias no meu sangue: meu pai é macuxi e minha mãe é ingaricó.



Catolicismo — Qual é a situação hoje da Raposa/Serra do Sol, depois da saída dos arrozeiros e dos senhores de lá?



Silvestre — Uma tragédia. Se não fosse essa tragédia, hoje os índios estariam muito bem, ganhando dinheiro, recebendo projetos do Governo Federal, do Governo do estado, na Raposa/Serra do Sol, com 1.750.000 hectares.  Mas o Governo Federal simplesmente abandonou a população indígena. E não foi só a da Raposa/Serra do Sol não, foi em todo o estado de Roraima.



Catolicismo — E os ianomâmis, o senhor tem notícias deles?



Silvestre —  Os ianomâmis estão aí ao léu, andando pelas ruas de Boa Vista com vassouras no ombro para trocar por um calção, por uma camisa, por vestidos para suas mulheres.












 


Lavoras que existiam e davam empregos aos índios. –



O futuro era promissor. Mas, subitamente, em nome do índio e os índios foram jogados na pior das misérias




Eles andam em grupos o dia todo aí pelas ruas da cidade. Então, cadê o dinheiro do Governo Federal? Demarcaram aquelas terras para os índios, ou para o Governo Federal ou para as ONGs?

Como índio, eu queria ter o prazer de hoje dar uma entrevista e dizer que o índio está muito bem com as terras demarcadas, que o índio está ganhando dinheiro, que o índio está na tecnologia, que o índio está participando do progresso brasileiro, do progresso de Roraima.

O que se passa é o contrário. Os índios estão abandonados, e não são só os da Raposa/Serra do Sol. É triste quando você vê os ianomâmis aí passando fome, passando necessidade, sem remédio e sem educação.



Catolicismo —  E as ONGs não têm feito nada por eles? Pois, além do Governo Federal, através da FUNAI havia ONGs fazendo muito barulho...



Silvestre — Eu não conheço vocês e vocês não me conhecem... A gente está aqui conversando, mas se vocês pegarem um avião e forem a Santa Rosa ou ao Maracá, lá em cima, de onde eles tiraram os garimpeiros por duas ou três vezes, lá está um grupo de americanos, instalado lá com casa, rádio, televisão, tem de tudo.



Eles estão lá, mas os brasileiros não podem se instalar lá. Há um grupo lá que se diz missionário...

Os índios da Raposa/Serra do Sol estão todos aí pedindo educação, pedindo saúde, pedindo estrada, porque eles não têm estrada, não têm pontes; eu os vi fazendo essa reivindicação para a governadora daqui do estado. Com um monte de papel na mão, fazendo pedido: querem estrada, querem ponte, não têm dinheiro.



E quem criou o problema com a demarcação foi o Governo Federal. Agora, por que o Governo Federal não aperta as ONGs, os padres, os missionários?













Cadê o dinheiro que eles trouxeram para demarcar e por que não continuam aplicando esse dinheiro lá dentro? Porque lá dá de tudo! Se plantar, dá! Mas como é que o índio vai plantar se não tem apoio? Se não tem maquinário? Se não tem técnica? O índio está lá abandonado!

O governo federal simplesmente demarcou e abandonou!



 


Aqui no município de Alta Alegre, próximo de Boa Vista, nós temos 11 comunidades com terras demarcadas em ilhas, não tem nada dado pelo Governo Federal para que esse povo tenha dias melhores, para que esse povo tenha um bom relacionamento, que não tem.



Catolicismo — Tivemos informações de que na Raposa/Serra do Sol — talvez o senhor conheça mais especialmente o assunto — o Conselho Indigenista de Roraima, ligado à CNBB, estaria ajudando os índios. O senhor sabe como vão funcionando as coisas por lá?



Silvestre — Na verdade é assim: quem tem, tem, quem não tem, não vai ter. Há um gado que foi doado pela Igreja Católica, que na época ficou para poucas comunidades, para algumas comunidades. E a maioria ficou sem nada.



O Governo do estado, na ocasião também doou um pouco para cada um, mas hoje eles estão vendendo tudo para se manter, para comprar arroz, açúcar, feijão, comprar de tudo.

Eu vejo eles vindo aqui na cidade; vão aí nesses mercados, e têm que comprar de tudo, até a banana eles levam. É triste!



Catolicismo —  Extrativismo eles não fazem mais? Extrativismo, caça, pesca...



Silvestre — Olha, não tem mais nada lá. Tem para aqueles que moram perto do rio, aqui próximo de Boa Vista. Porque esses rios lá em cima são rios de cachoeira, não têm peixe.

E a caça não existe mais, acabou. Existe muito pouquinho. Eles têm de comprar aqui. No Uiramutã, por exemplo, os marreteiros levam de tudo daqui para vender para eles lá.

Levam peixe, levam galeto e eles são obrigados a pagar um preço absurdo. Aqui na capital já está tudo caro.



O marreteiro que sai daqui pra vender lá, só pode vender caro. Então, agora está difícil a vida para os índios de lá. 



 



ADENDO 2



Entrevista. Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração da Petrobrás



Por: Antonio Pita, Fernanda Nunes - O Estado de S.Paulo 02 Março 2016



 



RIO - Após o Senado aprovar o fim da exclusividade da Petrobrás na liderança do pré-sal, o ex-diretor de Exploração e Produção da petroleira, Guilherme Estrella, que chefiou, de 2003 a 2012, a equipe que descobriu o pré-sal, disse em entrevista ao Estado torcer pelo veto da presidente Dilma ao novo marco legal, que acaba com a obrigatoriedade de a estatal participar de todos os blocos do pré-sal. Para o geólogo que ingressou na estatal ainda monopolista de 1965, as



multinacionais “só querem ficar com o filé mignon”. Disse ainda que “não pode uma empresa petrolífera ser gerenciada como um banco”. A seguir, os principais trechos da entrevista.



O País deve o pré-sal à Petrobrás?



Não digo que deva à Petrobrás. A empresa cumpriu sua missão. Essa grande transformação do Brasil num país independente, com autonomia em energia, fertilizantes e petroquímicos foi o trabalho dos últimos 15 anos. O pessoal (funcionários) está de cabeça baixa (por causa das denúncias de corrupção).



Vamos separar as coisas. Fizemos um grande trabalho. Aliás, eu vim aqui dizer isso.



Quanto as denúncias da Operação Lava Jato afetaram as conquistas com o pré-sal?



Se afetou, foi do ponto de vista emocional. O pré-sal é uma realidade concreta. Não há como dizer: não temos mais o pré-sal por causa da corrupção. A empresa continua tendo sustentação de longo prazo. E tem uma coisa que só a Petrobrás tem: a hegemonia do mercado brasileiro. Foi a Petrobrás que investiu. Vai no Alto Amazonas. Não tem a Shell lá, tem a BR. Essas empresas só vêm para o filé mignon.



A Petrobrás correu risco investindo no pré-sal?



Uma empresa privada não faria o que a Petrobrás fez. A quebra do monopólio foi em 1998. Qual a grande descoberta que essas empresas fizeram? Eu ficaria extremamente decepcionado, entraria numa profunda depressão se o pré-sal tivesse sido descoberto por outra empresa que não a Petrobrás. Nas nossas barbas. Em frente a São Paulo, principal centro econômico brasileiro. Eu não saberia o que fazer.



Como é essa história?



Cheguei lá (na diretoria) em 2003 e a Petrobrás estava concentrada na Bacia de Campos. Espalhamos  as sondas. Na primeira licitação que participei, perdemos um bloco. Cinco minutos depois, toca o telefone. Era a ministra de Minas e Energia (Dilma Rousseff). Ela disse: estou sabendo que a Petrobrás perdeu um bloco. Eu comecei a dar explicações. Ela respondeu: só quero pedir que esse fato não se repita. O recado era: todas as áreas que a Petrobrás tem interesse, tem de ganhar.



Como a empresa chegou ao pré-sal?



A Petrobrás é uma empresa sem aversão ao risco exploratório. A gente não sabia de onde vinha a rocha geradora (do petróleo brasileiro). Li, então, um artigo de um francês naturalizado americano que me chamou atenção. Ele veio ao Rio e disse: vocês estão errados. A rocha não é a que vocês estão pensando. Desse estudo até a perfuração no campo de Lula (o primeiro do pré-sal), foram 24 anos.



Por que não foi feito antes?



Havia um carimbo de estéril na Bacia de Santos. Quando descobrimos primeiro o pós-sal em Santos, vimos que havia uma grande camada de sal e que as interpretações todas se ligavam. Foi configurada uma oportunidade. Percebemos que estávamos diante de algo diferente, que precisava ser tratado de forma diferente. A probabilidade de encontrar petróleo é de praticamente 100%.



O sr. participou da formulação do marco do pré-sal?



Eu só disse ao governo: é um fato novo. Constituiu-se um grupo de trabalho, coordenado pela ministra de Minas e Energia (Dilma). Sou testemunha de como o pré-sal foi discutido até chegar ao texto central que instituiu o regime de partilha, a formação da PPSA (Pré-sal Petróleo SA) e a Petrobrás como



operadora única. Foi mais de um ano de discussão. Houve muitos depoimentos contrários.



Qual era a posição da então ministra Dilma?



A Dilma era coordenadora (do grupo de trabalho). Ela deixava discutir. Foi construindo a opinião na cabeça dela, informando ao presidente e aí se chegou ao texto final. Foi uma construção democrática, que posicionou a Petrobrás como operadora, que conduz o negócio e tem o sentimento de propriedade. É emblemático que seja a presidente Dilma a sancionar as mudanças (que acabam com a obrigatoriedade de a Petrobrás participar de todos os blocos), nove anos após defender o marco? Mas o Executivo  tem a capacidade, o direito de vetar. Não sei como ela vai agir.



O senhor acha que ela veta?



Pessoalmente, prefiro que ela vete. Isso é de tal forma importante que, na minha visão, como cidadão, devemos retornar ao Congresso para, com um voto mais qualificado, apreciar o veto presidencial.



Houve pressão após a descoberta do pré-sal?



A pressão é constante. O cônsul geral norte-americano no Rio parabenizou o trabalho, mas, falando em nome de empresas estrangeiras, questionou a operação única, fazendo o trabalho dele de forma absolutamente legítima. A descoberta mais importante dos últimos 50 anos na indústria petrolífera



mundial e os caras ficarem de fora? Eles tinham muito interesse, é algo absolutamente normal.



Não configura lobby?



Nada desonesto. Fui presidente do conselho de administração do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo). Me retirei da presidência desse conselho porque entendia que defendia o interesse das estrangeiras, combatendo o novo marco regulatório. Havia um conflito de interesses gritantes.



A Petrobrás dá conta da operação, mesmo em crise financeira?



Temos de gerenciar o pré-sal a longo prazo. Não interessa, com o barril de petróleo a US$ 30, exportar 1 milhão de barris. Para que abrir licitações agora? O País tem uma situação confortabilíssima de soberania energética. Isso não pode ser medido monetariamente. É um valor de sustentação do País.



Esse patamar de preços mantém as áreas viáveis?



A Petrobrás produz 2 milhões de barris por dia nas bacias de Santos e Campos, na frente do mercado consumidor. Nós produzimos a US$ 8 o barril no pré-sal por usar a infraestrutura vizinha da bacia de Santos. É uma vantagem competitiva. As grandes empresas mundiais produzem 4 milhões de barris por



dia em campos espalhados no mundo, com operação caríssima.



A mudança na operação única abre brecha para pressão sobre o conteúdo local?



Desistir do conteúdo nacional é o fim da picada. Temos uma riqueza, descoberta em território nacional por empresa nacional. Chega na hora de gerar empregos, você vai levar para fora?



O senhor participou da criação da Sete Brasil?



Do conceito. A construção de sondas completa o ciclo de reestruturação da indústria naval. As águas ultraprofundas são a última fronteira de exploração petrolífera do mundo e vão demandar sondas. São equipamentos de elevado nível tecnológico. Produzi-los daria à indústria brasileira competitividade



internacional. E havia a necessidade de cumprir os níveis de conteúdo nacional.



Onde deu errado?



Não sei, já não estava lá. Era necessária uma estruturação financeira que desse sustentação a um projeto de tão longo prazo. O modelo era bom.



Diante das denúncias, é possível defender a Sete Brasil?



Não tem nada a ver com corrupção. As empresas têm de ser preservadas. Nas empresas estão nossos engenheiros, o conhecimento, a tecnologia. Os Estados Unidos, em 2008, não destruíram suas empresas.



Com a queda das cotações e da taxa de afretamento, ainda considera bom o modelo?



Com US$ 30 o barril, toda a estrutura financeira precisa ser revista. O problema atingiu não só a Petrobrás. Há outras descobertas, em Sergipe e Espírito Santo, e as sondas serão necessárias.



A Petrobrás tem reduzido a exploração. A produção futura está comprometida?



É natural, mas tem um jeito de gerenciar a empresa, reunir as pessoas e dizer: não vamos parar a interpretação geológica. As pessoas vão ver que não estamos no fundo do poço, num beco sem saída.



E qual a saída?



Alongar o perfil da dívida. Temos de avançar em operações como a firmada com a China, que é excelente (captação de US$ 10 bilhões em troca de óleo). Dinheiro existe. A solução é mais política. Nossa base de sustentação está no mercado interno. Partir para a venda de ativos onde somos hegemônicos é precipitado. Não dá para decidir muita coisa em cima de uma crise.



Quando o senhor assumiu a direção em 2003, disse que a Petrobrás tinha se tornado uma empresa financeira atuando no setor de petróleo. Essa lógica está em curso novamente?



Se há alguém que tem aversão absoluta ao risco é o banqueiro. Se você tem grande dívida, chama o banqueiro para negociar. Não pode, na minha opinião, uma empresa petrolífera ser gerenciada como um banco. Mas não acho que isso esteja sendo feito na Petrobrás.



Como era sua relação com Paulo Roberto Costa e Renato Duque?



Não vou falar sobre isso. As pessoas não foram pegas na esquina, eram funcionários há décadas. Para as denúncias, temos a Justiça.



Como a Lava Jato afetou sua vida pessoal?



A Petrobrás não é um simples emprego, a gente se liga a um sonho. Essas ocorrências me atingiram profundamente. Como se sobrevive a isso? Na consciência do empenho de nossa equipe durante esses anos todos. E por isso descobrimos o pré-sal. Isso é o que nos deixa de cabeça erguida.


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