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Contos-->Lentes para cegos -- 11/08/2000 - 12:35 (lucienepezzolato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma Quarta feira , dia de aula de língua portuguesa, quando ele sentou no meu grupo, estávamos em umas seis pessoas, eu o olhava e tentava descrevê-lo em meu íntimo. Era tão seguro de si ao olhar e pelo jeito que falava logo percebi ser mais velho que a maioria da turma, mas não aparentava fisicamente, outra coisa que eu notei, foi que usava óculos, não era de um grau tão elevado, mas o deixava com um ar diferente dos demais.
Naquele momento o grupo discutia um texto, e ele não falava muito, sentado com as pernas cruzadas, com o braço apoiado na carteira e segurando o queixo com a mão, não prestava muita atenção, quando pedíamos sua opinião, nestes momentos ele me surpreendia, sabia tudo o que estava se passando, mesmo estando oculto. Bom, aquele texto não foi o essencial.
Aquela mistura de admiração com algo que me corrompia, me matava e desprezava a mim mesma simultaneamente.
A Segunda vez que tivemos contato foi mesmo por acaso, eu me vi ignorada por alguns instantes, mas foi difícil não me não me notar, não sou uma dessas pessoas que passa desapercebida, fomos à uma festa em que não deixei de beber, e aquela mistura de sono inconsciente e álcool, me fez ir embora com ele. O incrível é que falei até não Ter mais palavras, e ele me ouviu. Foi a partir desse momento que a “coisa” me absorveu, me engoliu, mas eu a ignorei enquanto pude.
Quando me olhei no espelho, minha imagem já não era mais como eu me sentia ali dentro do coração, só queria que ele não me enxergasse mais com óculos, queria estar ali, entre olho e lente, queria que tudo fosse tão leve de tal forma que não pesasse como uma carga, para o tempo e para a memória, queria apenas que tudo fosse leve.
Para ser sincera, queria que ele fosse cego, queria ser seus olhos, ou melhor, queria ser seu nervo ocular que chega ao cérebro e domina.
Entretanto , o que ele pensava, entre meio de versos e músicas, não pensava, sentia, o meu beijo.
O que era simples, passou a ser complicado, ele não esqueceu mais os óculos, ele não tirou mais os óculos, e eu como nunca usei óculos, aliás, usei algum tempo, mas não me lembro de os ter usado como muleta, me mantive engolida pelo parcial beijo, até que ele me deu lentes de contatos “empalavradas”.
Daí em diante, aquela atmosfera, se pendeu para uma frente fria que vinha a caminho, e eu seguia com minhas “lentes de contato”, não que ele não pudesse viver mais entre lente e olho, é que as lentes não são como óculos, que possuem uma brecha capaz de deixar passar corpos estranhos, a lente não deixa espaço.

Mas lentes são inúteis para os cegos.
Do simples ao complicado, no complicado nos mativemos até ontem, aquilo que me cosumia , me consome, mas me finjo, a cegueira não tem cura, só muda aquele que guia o cego.
E agora me pergunto se estava com febre ou apaixonada?
E eu me respondo, estava com febre e apaixonada!

Luciene Pezzolato Vieira







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