REVELAÇÃO
Eu te perdi na poesia
Em versos pobres de rimas ricas,
Em estrofes mal escritas,
Em lágrimas contidas,
De lembranças antigas
Eu te perdi na poesia
De versos tristes, em abandono,
Em gestos de despedida,
A seguir os passos desta musa bandida
Que vive e se alimenta
Da solidão que se anuncia
Onde a dor habita e a criação palpita,
Na tua alma que grita
Para o silêncio da noite que finda
Eu te perdi na poesia
Me fizestes elegia, dor e desdita
Fui palco de agonia, pasto de histeria,
Fui o azul do teu dia, o céu do teu mar,
Fui rosa dos ventos, fui noite sem luar,
Paixão de momento, filha sem lar,
Eu te perdi na poesia
Fui rima pobre em tua vida,
Fui verso rasgado em rebeldia,
Fui o grito contido do proscrito
Fui o poema não escrito
Sofri, amaldiçoei, mas te perdoei
Porque entendi que alegria e agonia
Convivem com harmonia na alma do poeta,
E não há aí nenhuma heresia
Posto que na vida o que não é prosa
É poesia, na ânsia de quem cria.
MORGANA
RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS
|