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Artigos-->Pudicícia, prendas do lar, Direito Civil -- 28/04/2016 - 10:34 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Pudicícia, prendas do lar, Direito Civil




Publicado por Léo Rosa





Assino a revista; não havia lido a matéria. “Culpa, culpa, mea maxima culpa; confiteor”. Eram tantas as publicações denunciando a Veja por elevar uma mulher bela, recatada e do lar à condição de modelo feminino, que acreditei.



Um descuido meu e de toda a gente que se indignou com o suposto machismo militante da publicação. Não é verdade, contudo, que a reportagem faz o elogio do bela, recatada e do lar. É bem o inverso.



“A matéria da Veja não trata Marcela Temer como um modelo de mulher. Pelo contrário, ironiza e até ridiculariza seu estilo de vida, reforçando preconceitos que mulheres ditas feministas estão ajudando a ecoar nas redes sociais.



De novo: mulher pode ser e fazer o que quiser, incluindo entre as opções ser ‘do lar’ ou casar com um homem 43 anos mais velho ou mais novo” (Laura Coutinho, DC, 21abr16). De fato, o texto da revista é mesmo maldoso.



Lendo-se-o com atenção, percebe-se que o título da matéria é que estabelece o modelo havido por elogiado. Seja: Marcela não opina sobre si mesma, dado que nem sequer é entrevistada pela autora da reportagem.



A repórter é editora da Veja, logo, tem a devida noção do que faz. E o que fez? Sem ouvir a noticiada, garante-lhe “vestidos na altura dos joelhos”, que “sonha em ter mais um filho”, “jantares românticos e apelidos carinhosos”.



Ressalta que Temer, “de 75 anos, levou Marcela, de 32, para jantar em sala especial do sofisticado, caro e badalado restaurante...”, o qual “teve sala com capacidade para acomodar 30 pessoas esvaziada para receber apenas ‘Mar’ e ‘Mi’”.



Para reforçar o bela, recatada e do lar, é sublinhado que o casamento deu-se quando Marcela tinha 20 anos e que Temer foi seu primeiro namorado, sugerindo que a noiva, ademais, seria “imaculada”.



As referências da editora são a “tia Nina”, um cabelereiro e uma estilista. A reportagem busca fazer da reportada uma bacharel em Direito que não trabalha, uma senhora de afazeres domésticos, uma miss de interior.



Da reportagem, veio a virulência das redes sociais. Conservadores encontraram um exemplo para o Brasil, certa esquerda que vê conspiração em tudo, considerou que se estava arquitetando mais um passo do “golpe”.



O “teóricos” conspiracionistas tiveram que Marcela estava sendo soerguida em representação de mulher que contrastasse com Dilma, a combatente. Nada disso. A reportagem tenta injuriar. Não sei se consegue.



Tenho que a coisa não merece tudo o que ganhou. Até mesmo uma filósofa que considero de bons pensamentos distribuiu vídeo no qual, tendo em vista o caso, propõe discutir a “amante” de FHC. Sofreu um surto de machismo.



Ser bela é pura boa sorte. Não conta como valor ou qualidade; é condição. É verdade que a “acusação” de recatada complica, porque o recato da pudicícia não é o recato da prudência, mas é o recato da repressão ou do reprimir-se.



Vi na reportagem a insinuação de que Marcela se autoanula, restando uma submissa do lar. Sim, esse era o destino que o patriarcado havia construído para a mulher. Não obstante, ser do lar bem pode, também, hoje, ser uma escolha.



Ser do lar como destino, como prenda, é nulificar-se por conformação a um papel social vencido pelas lutas feministas. Sendo opção, seja do homem, seja da mulher, para atender divisão de tarefa doméstica, é coisa normal.



Não conheço como Marcela Temer leu a matéria. Não sei como ela é. O fato de ter sido nomeada de certa forma por uma revista não a faz conforme a nomeação. Talvez seja, mas, talvez não.



Se não é, quiçá devesse se insurgir; não se insurgiu. Espero que o insulto não tenha caído como elogio. Quem sabe ela esteja acima da discussão toda que aconteceu; não sei. Quem sabe a “política” tenha recomendado silenciar; a saber.



De toda sorte, com equívocos ou não, a polêmica restou bem. Discutimos Direito Civil. O gênero feminino se reafirma: mulher pode ser o que quiser; pode, inclusive, com consciência, gosto e vontade, ser simplesmente do lar.


Léo Rosa




Léo Rosa



Doutor e Mestre em Direito pela UFSC. Especialista em Administração de Empresas e em Economia. Professor da Unisul. Advogado, Psicólogo e Jornalista.



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