O banho do presidente no Caribe
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Na recente visita à Europa, Fernando Henrique Cardoso foi à Universidade de Oxford, na Inglaterra, receber o prêmio honoris causa, com toda pompa e tradição britànica. O título de "doctor in civil law" foi recebido pelo trabalho em prol da democracia e do respeito aos direitos.
Quando vi pela televisão, o FHC em Oxford, com um chamativo manto vermelho, imaginei que o presidente estivesse envolto com a bandeira do PT. Numa clarividente homenagem ao presidente eleito Lula. Desfeito o engano, pensei que fosse uma bandeira do Internacional de Porto Alegre. FHC estaria profundamente consternado com o iminente rebaixamento da equipe e estava solidário com a imensa nação colorada.
Bandeira do MST? Nem pensar!
Nada disso. O manto vermelho é, apenas, uma tradição em Oxford.
Posteriormente acompanhei pela internet, jornais e noticiários pela TV a hora em que os mestres da academia britànica colocariam um "bolo coberto com chantilly" em sua cabeça. Outra frustração, leda expectativa. Colocaram, tão-somente, um insignificante chapeuzinho preto.
Após a estada na Grã-Bretanha, Fernando Henrique Cardoso viajou para a República Dominicana. FHC foi participar da 12o Conferência de Chefes e de Governos Ibero-americanos, na cidade de Bávaro. Ou seria na praia de Bávaro?
Evidentemente, qualquer pessoa numa viagem ao Caribe não deixará de banhar-se nas águas mornas das paradisíacas praias. E como ninguém é de ferro e um marzão em frente chamando pelo nosso presidente, FHC foi refrescar-se no mar azul do Caribe. Um merecido descanso após oito anos de dedicação e trabalho como presidente dos brasileiros.
E lá estavam, o nosso presidente honoris causa, Dona Ruth e duas netas, usufruindo a orla Dominicana. Dona Ruth, sempre prestativa, como em todos os dias nos dois mandatos de FHC na presidência, passou protetor solar no rosto e nas costas do Fernandinho. Fernandinho é como Dona Ruth chama, carinhosamente, seu esposo.
Dona Ruth tem sido a mais simpática e uma das mais discretas primeiras-damas do Brasil. Entretanto, Dona Ruth, além de bem-humorada é muito espirituosa. O primeiro casal do Brasil caminhava calmamente pela orla caribenha, curtindo o clima e as belezas naturais do lugar, em sua frente um vasto mar, diante dos olhos areia e água salgada. Na tranquilidade do passeio, Ruth comenta.
- Fernandinho, o litoral me fascina, adoro caminhar pela praia. Deixar pegadas na areia, molhar os pés nessa água maravilhosamente morna na beira desse marzão, penso que não devamos nos demorar...
- Por que Ruth?
- Sempre haverá alguém para te chamar de Fernandinho... Beira Mar... - disfarçou um irónico sorriso.
- Ruuuutthh...
Por via das dúvidas voltaram para o hotel antes que um jornalista gaiato fotografasse o Presidente beira mar.