FIÉIS NAS ÁGUAS
Um cisne ao lado de outro nadava
Num lago à beira da floresta,
Passava-se o tempo, tudo era festa,
Em lua de mel o casal se achava.
Entre as árvores, vislumbrando uma fresta,
O caçador um dos dois alvejava,
E um deles viu morrer quem amava
Com o sangue jorrando-lhe da testa.
Por ser tão fiel ao seu cisne amado,
O sobrevivente deixou os demais
E, solitário, ficou desolado.
Sem deixar transparecer os seus ais,
Não mais pôde nadar acompanhado
E sozinho não nadou nunca mais.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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