Até que ponto se ama um bicho de estimação? E a nossa vida?!
Pois é, então lhes apresento Cloves. Amado por crianças, velhos e colegas de espécie. Todos brincavam com ele. As crianças eram as que mais se divertiam. Cloves corria, pulava, exibia seu pedigree, provavelmente adulterado, com beleza tamanha que provocava lágrimas. E foi justamente numa destas estrepolias que Cloves perdeu um dente, agarrado a um tapete, marca inconfundível nele.
Cloves foi vítima de uma tragédia. Cloves sumiu. Como?!. Sabe-se lá Deus como. Todos buscavam Cloves em todos os lugares, becos e ruelas. Onde estaria Cloves?
_ Como sumiu Cleonice? Ele sempre brincava por aqui. - Perguntou um vizinho, apaixonado por Cloves.
_ Não sei. Só sei que ele sumiu.
_ Vamos achá-lo. É só a gente procurar em todo canto, falar com as pessoas e até ir a polícia, se for preciso.
Esse cidadão preocupado com Cloves era o que mais sofria, depois de Cleonice a tutora de Cloves.
Já quase perdendo as esperanças alguém disse ter visto Cloves sendo levado lá "prás" bandas da quadra 18, por um sujeito alto, forte e com "cara" de malvado.
_ "Num" tem essa de malvado não. Vou já buscar o meu amigo. Nem que eu tenha que sair no tapa, no bofete com esse cidadão.
Sendo muito tarde, esperaram o dia seguinte. Cleonice e o destemido vizinho ramaram para a 18 para resgatar do cativeiro o tão querido Cloves. (É que chegaram a cogitar a possibilidade de sequestro).
_ Você o reconhecerá?! - Perguntou Cleonice incrédula.
_ Claro! Ele é banguela, eu o reconheceria em qualquer lugar.
Pararam em frente a uma casa grande, ainda em construção. Era o lugar indicado.
_ Bom dia dona.
_ Bom dia.
_ Eu estou aqui por causa do Cloves. Ele desapareceu e me disseram que estaria aqui.
Disse Cleonice com voz forte apontando para o seu amiguinho que dormia tranquilamente.
_ Olha dona, por mim a senhora pode levar. Não gosto dele, mas foi meu marido quem trouxe e ele só sai daqui quando meu marido voltar.
Decidiram voltar mais tarde para falar com o tal marido. Quando cruzavam a rua viram um homem alto, forte e mal encarado. "Será que é esse?" Resolveram observar onde o homem entraria. Quase morreram de susto, otal homem com cara de bravo entrou na casa onde haviam estado a pouco.]
_ Deixa isso prá lá. Vamos embora que eu não quero me desentender com esse sujeito.
_ Mas... o Cloves.... Você não disse que...
_ "Vamo" embora. "Ce" não tá vendo o tamanho do cara. Parece um guarda-roupas.
_ Mas...
_ Ora Cleonice. É só um cachorro. Você consegue outro.
Pobre Cloves.
