No tempo de Bocage as noticias chegavam atraves de mensageiros, que gritavam pelas ruas de Lisboa as informaçoes sintetizadas e depois seguiam para a praça principal, la´ era onde realmente se davam as noticias por completo.
Bocage andava com seu amigo Manu´ pelas ruas bebericando aqui, fazendo declamaçoes poeticas ali, em troca de alguns escudos que signficavam a subsistencia do poeta.
Ao passar em frente de uma loja ficou vidrado por um par de botas de couro.
-Manu´ - disse Bocage - aposto 10 Escudos como esta bota vai ser minha.
-Ta´ apostado - falou Manu´.
Bocage entao, entrou na loja, sentou-se e experimentou as botas. Manu´ observava o amigo, com receio do que ele poderia aprontar. Bocage com as botas calçadas, andou pela loja, foi ate´ a porta e começou a gritar:
-Novas! Novas! Novas! - e saiu correndo.
O dono da loja interpretou isto, como a chegada de noticias da guerra na Africa e tambem saiu correndo, apos fechar a loja, na certeza de que o fregues voltaria para acertar as contas.
Bocage continuou correndo e a multidao foi acompanhando ladeira acima. Na praça principal havia um coreto, que era o local onde os informativos aconteciam.
Bocage subiu para o coreto e a multidao se aproximou ansiosa pelas informaçoes. Quando se fez silencio Bocage gritou para a multidao:
-Novas! Novas! Novas! - e mostrando as botas completou - compradas agora mesmo!
Bocage foi um poeta cheio de estrepolias. Talvez,
toda literatura em torno de sua figura, nao
represente toda a sua vida. E ainda assim, quando
estava para morrer ele escreveu seus ultimos versos
num maravilhoso soneto, que termina assim:
"Deus, oh Deus... quando a morte a luz me roube,
Ganhe num momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver nao soube".
Para localizar tudo sobre Bocage faça a busca em
MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE
Voce ficara´ fascinado com a obra deste grande poeta.
Quanto `a piadinha foi meu pai quem contou, quando eu
ainda possuia uns 10 anos, em mil, novecentos e nada.