72 usuários online |
| |
|
Poesias-->Um certo carnaval boa-vistense -- 19/06/2003 - 09:26 (Raul Pinto) |
|
|
| |
Um certo carnaval boa-vistense
(para Mário de Andrade)
Espelhada aos pés pisa na noite a Garcez¹,
a chuva extemporânea reflete respingos
do fevereiro* sempre estiado. Fátuas pernas
faceiras negras brancas mulatas gingando
em penas plumas peitos e alegorias...
Mágicos corpos mádidos buscando gozo!
Bocas banguelas cospem tosco samba-enredo!...
Bambábá!...
Bambábá!...
Bambá!...
Bambábá!...
No alvo linho, marcando a evolução, Babá²
dá o ritmo com olhos sempre engomadinhos...
Os ricos camarotes espiam aspirando
Escocês...
Cheira-cheira!...
Sambam rabos-de-galo saltam jogam pernas
desafiam briga...
Eta arlequins!...
Passa o boi emplumado com cara de cão...
Totó³ mija solene nos pés da Garcez!
Voa boi,
Voa...
Voa!...
Subitamente, um tísico mui temulento
exorbita com silfos fedidos: TRE!**...TREÉÉ!...
Voa boi, que é carnaval!...
¹ Av. Ene Garcez, onde, tradicionalmente, se dão os desfiles carnavalescos.;
²Personagem conhecida dos carnavais boa-vistenses, integrante de uma das escolas-de-samba.;
³Político que introduziu no Estado o coronelismo e clientelismo. Autor do conhecido ditado: “em política, até boi voa”.
*No ano em que se deram as eleições para governador etc.
**Também, abreviatura de Tribunal Regional Eleitoral.
|
|