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Cronicas-->A vida ensina -- 19/11/2002 - 13:04 (juliana dos reis cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O relógio havia acabado de despertar e eu estava sentada na cama com o meu mal humor matinal. Respirei fundo, fui até o banheiro lavar o rosto e em seguida em arrumei. Estava pronta para mais um dia de trabalho.
Justamente hoje, o carro decidiu não pegar. O que fazer? O jeito foi pedir para o porteiro chamar um taxi. Eu não sou fã desse transporte, tenho a minha tática: entro no carro, digo pra onde quero ir e amarro a cara, para impor mais respeito.
Foi exatamente isso que fiz. Para completar o meu azar o trànsito estava infernal, um congestionamento quilométrico e o chato do motorista me deixava mais aflita com suas reclamações.
Olhei para a expressão daquele homem, seu rosto estava tenso, os olhos passavam indignação. Para que aquilo tudo? Fiquei pensando, acho que não existia amor no coração daquele homem, porque ele não parava de reclamar. Era um gordo muito mal humorado, não ficava satisfeito com nada, só pensava em dinheiro, aquele tipo de homem que não se comove.
_ O que aconteceu xará?
Ele perguntou para o carro que estava do nosso lado.
_ Atropelamento seguido de morte. Estão esperando a perícia.
_ Esse povo não olha por onde anda, agora eu e a madame aqui, que vamo paga o pato. Eu tenho que ganha dinheiro.
Dizia revoltado apertando a buzina incontrolavelmete. Estava nervosa, mas fazer o que se tinha que esperar, ir a pé é que não dava. Tinha que conversar alguma coisa com aquele homem, pois estava ficando com medo da sua fúria. Falar o quê?
_ É melhor a gente se acalmar?
_ Se acalmar, eu tenho filho e mulher pra sustentar, não posso ficar esse tempo todo em uma corrida. Maldita hora que fui aceitar essa rodada. Entrei em uma furada.
Se ele estava perdendo dinheiro, eu também estava e se ele teve azar eu também tive.
Mesmo assim continuei falando:
_ Não sou casada, mas também tenho que trabalhar. Sua mulher trabalha?
_ Não é submissa. Mulher minha tem que fazer o que eu mando.
A resposta que ouvi me deixou de boca aberta. Como conviver com aquele homem.
_ E o seu filho? Como é?
_ Na verdade eu não queria o moleque, mas a mulher engravidou e aí a gente tá criando.
Onde estava o sentimento daquele homem, falar assim do seu próprio filho, como se a família não representasse nada. As pessoas não podem ser assim, cada um tem o seu valor. Queria ver quem seria aquele homem, sem a mulher e o filho.
Enquanto pensava ele buzinava ferrozmente, como se fosse um animal atrás de comida. E finalmente o trànsito começou a andar, em poucos minutos passamos pelo local do acidente. Duas vítimas, uma mulher e uma criança que devia ter 4 anos. Senti pena do marido daquela senhora, perder assim a esposa e o filho, deve ser uma grande dor. O motorista nem olhou para o lado, achou melhor reclamar com o guarda que estava no local.
_ Até que enfim, liberaram a pista. Achei que fosse ficar aqui até amanhã, por causa de uma besteira dessas.
Depois de falar ele parou o táxi e ficou olhando para os corpos, estava branco e seus olhos não piscavam. Ele ficou ali, parado, olhando. Estava em estado de choque. O policial perguntou:
_ O que foi?
E ele lamentou:
- Minha mulher e meu filho.
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