TEL AVIV – Às vésperas das férias escolares, quando o calor de julho-agosto esquenta a região, os israelenses se preparam para uma quente temporada de shows de artistas internacionais. Se, nos últimos anos, o movimento de boicote a Israel (BDS) conseguiu que alguns artistas cancelassem apresentações por aqui, este ano parece que nenhuma celebridade se curvou ao boicote cultural.
Nos últimos meses, teve Elton John, Pat Metheny, Jethro Tull, Deep Purple e Simply Red em Tel Aviv. Esse mês ainda tem Barry Manilow e o brasileiros Sérgio Mendes. Em julho e agosto, será a vez de Scorpions, Alice Cooper, Sia, Man Power, Alphaville, Dire Straits (o que sobrou da banda) e Carlos Santana.
Ah, vai ter também Pharell Williams, Duran Duran, Foreigner, Megadeth e outros. A temporada termina com sensacional Queen (com Adam Lambert) e a incomparável Beyonce. Dizem que Morrissey e Bruce Springsteen também virão.
Queen e Adam Lambert gravaram um videozinho anunciando o show, no dia 12 de setembro. Ele pode ser visto aqui: http://www.jpost.com/Israel-News/Culture/Dont-stop-them-now-Queen-and-Adam-Lambert-will-rock-Tel-Aviv-456704
É claro que o pessoal do BDS não perdeu a oportunidade de incomodar muitos desses artistas. Teve um duo de rap da África do Sul, o Die Antwoord, que cancelou um show que faria em Israel. Mas não há notícia de mais ninguém cancelando, este ano. O guitarrista de Springsteen, Steven Van Zandt, respondeu simplesmente com um “go f... yourself” aos apelos de militantes do boicote. Ele escrever, no Twitter, que quem boicota o país é um “desagradável idiota ignorante político”.
A multiplicação dos shows não é apenas animadora. É engraçada 50 anos depois que o governo israelense baniu um show dos Beatles do país no auge da carreira do grupo, quando Israel ainda era fortemente socialista. As autoridades dos anos 60 achavam que o quarteto de jovens cabeludos corromperia a juventude. Hoje, o que o governo da Israel de 2016 quer é que muitos cantores internacionais venham ao país para mostrar que ele está longe de ser isolado culturalmente do resto do mundo, como querem os ativistas do BDS.
Artistas como Lauryn Hill, Elvis Costello e alguns outros já cancelaram shows am Israel. No ano passado, Gilberto Gil e Caetano Veloso estiveram no centro desse cabo-de-guerra. O BDS perdeu porque Gil e Caetano vieram. Mas ganhou parcialmente ao conseguir que Caetano escrevesse um artigo, depois, dizendo que não voltaria mais ao país. Apesar de ter mantido o show, Caetano afirmou, ainda em Tel Aviv, que o “BDS tem certa razão”.
Mas, apesar de alguns ganhos, parece que a grande maioria dos artistas estrangeiros não estão se curvando ao boicote cultural a Israel. E os israelenses economizam dinheiro para conseguir ir a todos os shows (são caros, por aqui...) de ídolos que só vê nas telas de TV, na internet ou em shows em outros países.