Fez-se noite em alto dia
E um frio imenso, congelante...
Eu caminhava naquela estrada no meio do nada
E o barulho dos meus pés me distraía...
Me sustentei na ausência que no peito sentia
Naquele momento,
Apenas a lembrança de tua voz ainda nos ouvidos
Porém distante...
Estrelas surgiam brilhante como seus olhos
Envoltos daquela mesma alegria contagiante.
Há muito não te via
Mas sei que era você que o universo inteiro configurava
E entregava tão simples aos meus olhos
Em forma de saudade...
Era alta noite em pleno dia,
Meu coração sussurrava uma doce avaria
E o espírito sedento procurava insanamente
A sua presença em mim.
Mas eu não tinha mais você!
Tudo que podia sentir
Era aquela mesma vontade louca
De te possuir em meus braços novamente
E de juntos sorrirmos
Enquanto o tempo fosse se atropelando
E o mundo fosse se exaurindo do lado de fora de nós!
Tudo que ainda podia sentir
Era o calor do seu corpo sereno
E a alegria de todas as carícias nossas,
E seu cheiro, e sua doçura, e nossa liberdade,
E o silêncio que era o mundo inteiro alheio a nós...
Mas de repente a noite foi-se fazendo dia
Enquanto ia chegando a “noite”...
“Aonde está você agora além de aqui
dentro de mim?!”
No vôo que alcei, periférico e melancólico,
Resgatei sua imagem além de um sonho
E emoldurei sus olhos já impregnados em mim...
A estrada segue solitária no meio do nada,
Às vezes algum pássaro vem
Trazendo novidades nas asas do tempo,
Mas logo se perde e desiste!
Só aquilo que fomos não sai, persiste...
Estou do lado de fora do mundo
Exaurindo-me paulatinamente,
À procura dos seus braços abertos
E de sua boca, e de seu carinho, e de sua voz...