Se eu te pedisse cinco minutos da sua vida exclusivos pra mim, você os daria? Não sei se daria, tampouco se eu pediria. Na verdade, acho que jamais pediria cinco minutos a alguém, é muito tempo. Imagine: cinco minutos é mais tempo do que o necessário para um tiro pegar em alguém, dois olhares serem trocados, um óvulo ser fecundado, palavras que podem mudar o sentido e o rumo de vidas serem pronunciadas... Talvez o destino do mundo tenha sido decidido em cinco minutos ou menos e nem saibamos. Cinco minutos podem ser decisivos na vida de qualquer um, como alguém teria o direito de te tirar cinco minutos? Bom, serei breve, não quero ocupar seu tempo. O fato é que, de uns tempos pra cá, você tem me tirado muito mais de cinco minutos e isso, de certa forma, me preocupa.
De dentro da minha redoma de vidro, você parece ameaçador. Talvez, de fato, o seja, não sei. Mas a minha atmosfera contida, fria e calculista se assusta com a sua liberdade e seu aparente desapego que me encantam e amedrontam. Amedrontam a minha racionalidade que às vezes ainda tenta tirar o dia para contar seus defeitos conhecidos e me convencer de que, com certeza, o seu tempo deve ser reduzido a bem menos de cinco minutos em mim. No final do dia, a minha razão chega à conclusão de que você é uma pessoa extremamente "apaixonante" e que isso já é um motivo grande o suficiente para reduzir o seu tempo a menos de um minuto por dia. Uma perigosa pessoa você é.
É bem verdade que o fato de você ser uma pessoa "apaixonante" me mata de medo. Inteligente, idéias exóticas, características marcantes, desapegado e livre de uma forma que faz com que eu me sinta a sessão da tarde ou que eu tenha certeza de que eu realmente sou... não sei.
Tenho que ser breve, não quero ocupar seu tempo.
O problema é que eu senti sua falta ontem e eu não queria ter sentido. Pensei em ligar, não queria ter pensado. E eu não quero gostar mais de você porque a impressão que eu tenho que eu amanhã eu simplesmente vou chegar e não vai haver nada porque nunca houve coisa alguma. Eu não falo de um compromisso. Você parece tão desapegado de qualquer coisa que eu acabo me sentindo absurdamente insignificante e eu tenho plena consciência de que, apesar de não estar apaixonada, você não é insignificante pra mim. Mas o que me apavora é que eu também tenho plena consciência de que você é "apaixonante" o suficiente para me deixar completamente apaixonada, isso faz com que eu me sinta vulnerável e eu detesto me sentir frágil. Frágil e bem eu me sinto, e isso faz de você mais perigoso ainda! Talvez eu devesse tirar um dia para falar isso a você, mas nunca teria coragem! Nunca é tão longe.... Bom, eu não teria coragem.
Espero que não veja isso como uma cobrança, apenas um desabafo. Vai ler? Talvez... provavelmente não. Eu escrevo tanto para mim mesma de mim mesma que o fato de estar escrevendo sobre mim mesma para alguém talvez me faça te mostrar. Criança piegas eu sou, não? Criança piegas e muito longe da sua realidade eu sou!
Bom, talvez eu deva parar por aqui, não quero ocupar seu tempo, mas o meu continuará ocupado pela sua marcante presença distante que está sempre aqui.
Talvez eu nem queira perder meu medo, talvez eu te queira aqui pra sempre, eu sei que quero.
Talvez eu devesse mesmo ir, não quero ocupar seu tempo. Quanto ao meu tempo, que seja eterno enquanto você estiver aqui e nossos beijos infinitos enquanto durem.
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