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Contos-->O Anjo I ( Drogas ) -- 26/02/2003 - 02:16 (marco aurelio jacob) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O anjo.


Fui Criado por Deus, o supremo, criador de todas as coisas.
Há muitos anos, incontáveis anos.
Criado antes mesmo do seu maior amor, o homem, pois essa foi a criação que Deus mais amou.

Fui criado para auxiliar os homens em todas as suas tribulações.
E para eles tenho muitos nomes, anjo da guarda, protetor, ser desenvolvido, mas me chamo apenas anjo.

Eu amo a Deus sob todas as coisas, e procuro cuidar de vocês, pois quando faço isso vejo a alegria do meu amor.

Eu odeio, sinto raiva, ate choro, por ver pessoas se matando, seja em guerra seja em fome, na brutalidade ou em qualquer outro aspecto que machuque o homem.

Já vi muitas coisas em todos esses anos, e pude ajudar muitos que andam confuso por essa vida.

Lembro-me de um pai, homem convencional, extremamente católico, tutor de dois filhos.
Uma linda menina e um menino. A menina, hoje mulher sempre comportada e estudiosa.
Já o menino esqueceu de crescer.
E isso incomodava profundamente o pai.

Garoto bonito, 25 anos, só que se envolveu com drogas desde os 13 anos, para o desespero de seu pai.

Certa noite, eu voava pela cidade, como se fosse um vigia noturno, só que com asas, passei perto de sua residência.
E senti um grande peso em meu coração.
Como o aperto de um pai que chora pelo seu filho.
Pude sentir todo o rancor, toda a magoa daquele homem, daquele pai.

Ele estava perturbado com seus pensamentos:
- Se fosse para ter um filho assim era melhor não telo!
Todos os sonhos, todas as esperanças estavam perdendo o valor, pois o filho já não trabalhava, nem estudava, nem tinha o padrão de vida desejado pelo pai.

Era mesmo triste a cena.
E eu chorei junto com aquele pai.

Resolvi fazer algo que jamais imaginei fazer.
Aguardei aquele homem se deitar, se é que ele iria conseguir pegar no sono.
Nesse tempo vi como um filme todos os seus pensamentos.
E confesso ter lembrado de todos os erros que aquele pai desesperado tinha cometido na infância.
Mas ele tinha vencido.
Estava ali com uma família.
E hoje pensando em desistir.

Finalmente ele adormeceu...
E eu o fiz sonhar...

No sonho cheguei bem próximo a ele, me mostrando como realmente eu era.
E ele se quer proferiu uma palavra. Apenas me observava, quieto, exausto de tanto pensar no seu filho.

Peguei ele pelos braços e fiz caminhar comigo, ano a ano da vida de seu filho.
Vinte e cinco passos, do vigésimo quinto ao primeiro.
No vigésimo quinto pude ver a sua revolta, e confesso que me senti um pouco revoltado de ver aquele jovem drogado, sentado a beira da calçada sozinho sem amigos.

Vi ao longe alguns amigos dele, uns mais velhos outros mais novos.
E lhe perguntei:
- o que vê?
- Vejo um drogado a beira da calçada, e ele é o meu filho.
- O que mais vê?
- Vejo os seus amigos! Um com a namorada, outros apenas dormindo, mas nenhum vejo nas condições do meu filho.
Continuamos a andar, vi todos os amigos do seu filho ano a ano, e a cada ano que voltávamos, mais jovens pude ver bem ao lado de seu filho.

No vigésimo quarto alguns jovens, no vigésimo muito mais que nos anos posterior.
Vimos toda adolescência do seu filho.
Cada ano cada alegria.
Confesso que em alguns passos paramos e choramos muito, por ver aquele alegre jovem nos seus afazeres.

E a cada passo dado o pai via seu filho de uma maneira diferente. Lembrava daquele ano, das alegrias, das tristezas.
Principalmente dos seus desafetos, das suas brigas.
- Olha!!! Meu filho, como ele era diferente do que é hoje.
Eu apenas concordei.

Do começo da caminhada ate onde estávamos pude perceber que aquele homem estava totalmente diferente de quando começamos a caminhar.
Não no físico, mas na alma, estava mais amoroso menos seco.

E eu lhe perguntei:
- Você o ama?
- Muito! Respondeu ele.
- O que você percebeu de diferente nesses passos, pelos anos de vida de seu filho?
- A ausência da drogas, e a sua alegria de viver, seus sonhos que eram meus sonhos.
- O que mais você percebeu?
- Percebi que aos treze anos meu filho entrou nesse mundo juntamente com muitos amigos, muitos mesmo, mas a cada ano os amigos foram desaparecendo, um a um, cada qual resolvendo sua vida e deixando meu filho. Ate que ele ficou só.
- Só? Ele esta só?
- Sim ele esta só não lhe resta nenhum amigo, apenas ele continua se drogando.
- Resta um!!! Você! Há quanto tempo você não conversa com ele?
- Mas eu vivo lhe dizendo sobre os seus atos, sobre o jeito que ele leva a vida.
- Digo que nunca precisei de droga nenhuma para ser mais importante, ou mais alegre. Mas ele não me ouve e eu cansei.
- Talvez você não esteja cansado do seu filho, mas apenas cansado de o acusar.
- Desde os treze anos você o acusa, mostra os seus defeitos, cobra.
- Talvez seja disso que você esta cansado.
- Desde que começamos a caminhar, passo a passo, você só olhou para o seu filho e esqueceu de olhar para você. Há quanto tempo vocês não conversam? Há quantos anos?
- O problema não é as drogas nem os amigos que o abanou, o problema é que só você pode ser amigo, só você o ama intensamente.
- Não cobre, converse.

O homem apenas me fitou com os olhos.
Olhou para si mesmo, e acordou para um novo dia.



Talvez você pense que seu filho tenha problemas com as drogas, mas ela é apenas um sintoma de uma falta de dialogo entre vocês dois.
Converse com ele, sem expor os defeitos, sim suas qualidades.
Seja o anjo amigo do seu filho.


Marco Aurélio Jacob

manchajacob@hotmail.com
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