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Poesias-->ABANDONO -- 25/06/2003 - 18:41 (Paulo Sérgio Rosseto) |
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Cedo morrera o menino, morreu menino
Desconsertando a possibilidade de ter sua alma
Descida ao escarlate tempo que amadurece as maçãs
Ouviu menos pássaros cantores
Sentiu menos picadas de formigas nos pés
Foi-se embora sem tempo de perdoar
As agruras das nuvens que não fizeram chover
Quando se falava em escassez de água
Nas barrentas cacimbas onde já não matavam mais sede
Estremeço com a hipótese de meninos irem ao abandono
Deveria o Senhor ter cautela na Sua absurda ânsia em arrebatar
Leve os navegantes, os marujos perdidos
Todos os que já sentiram por mais de uma vez o tombo
O baque do braço da vela inflada no dorso
E as donas com fartas dobras na pele
A mim, então, que transpassei a linha da juventude
Cumprindo os pormenores termos vendo surgir a cura do estigma
Que já trago doce a certeza da espera ,
Quase selado o zíper da bagagem
E tenho a mesmice das horas perfídias, granjeiras, desditas
Que já não mais vou ao topo em busca de frutos maduros
Nem me preocupa o infortúnio
Estremeço com a hipótese de meninos irem ao abandono
Deveria o Senhor ter cautela na Sua absurda ânsia em arrebatar
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