Era uma tarde de verão. O sol a pino, corpos dourados pelo sol do Araguaia.
Ela ao cair da tarde ela tomava rumo de casa, ele chegava em seu Chevete 79 com amigos de farra.
Olhares se cruzaram, ele disse:
- Que avião!
Ela olhou quem falava, era ele, ela o reconheceu. Um dia ele deu carona a ela quando saia do colégio.
Não havia esquecido aquele olhar, correspondeu e cumprimentou-o com a cabeça.
Ele ficou estático, sem acreditar que ela o cumprimentara e ainda balbuciou aos amigos:
- Ela me cuprimentou!O avião olhou para mim.Que olhos Jesus!Que óleos! ( dessa fala nasceu uma poesia)
Ela sorriu pela forma dele falar sobre ela pensando que falava baixo e só os amigos o ouviam.
E foi-se com as amigas.
Dias depois, houve um telefonema cheio de segredos e misterios, dela para ele:
- Quero encontrar contigo e conversar.
Ele quis saber quem era. Ela disse:
- venha e saberá quem sou.
Ele foi. Ambos na maior expectativa, coração aos saltos.
Quando ele para o carro ela vai ao seu encontro com as mãos geladas.
Quando ele a vê nem acredita.
- Você! É bom demais para ser verdade....
E vão para um barzinho, conversam, se conhecem, trocam o primeiro beijo...Quando percebem, já estão dividindo tudo, a cama, as escovas, a vida, os sonhos...
Desse encantamento nasce os rebentos...
A felicidade parecia não ter fim...
Porém, um dia , o céu perdeu a cor. Ele chega alcoolizado, maltratando sua flor.
Triste pela perda desse sonho a flor definha, chora, perde a cor.
Tenta ainda protestar:
- Cadê meu grande amor?!
E de seu ato de protesto recebe golpe certeiro. Ele, chafurdado no teor etílico, perdeu o controle e a flor despetalou.
Em pedaços, viu seus sonhos aos cacos no chão.
A fúria e o desencanto enlamearam o que seria um grande amor. Afogados foram, não pelas águas do Araguaia, mas pelo vício maldito que destroi lares, sonhos e amores...
E assim, acabou-se a história desse grande amor de verão que nasceu as margem do Araguaia em 1988....
Vanderli Medeiros
19/01/03
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