Do amor que um dia nasceu às margens do Araguaia restou apenas muita mágoa, rancor e desilusão.
O amor obsessivo e louco que esse candango tinha pela ribeirinha o fez agir como louco; e em um acesso de fúria, por já crer que ela não o amava mais, fez ele arquitetar um plano diabólico. E na sua demência de um amor cego e louco deturpado pelo álcool levou-o a tentar destruir a flor que um dia colherá em plena primavera.
Fez de tudo para tirar-lhe todas as chances de sobrevivência longe dele e assim humilhada, vencida e cansada pedisse arrego e a seus braços voltasse.
Essa flor ribeirinha quase sucumbiu à dor. Se o pegasse na cama com outra não teria doido tanto como a traição de tê-la tentado destruir arrancando-lhe aquilo que mais amava, suas florzinhas.
Definhou, chorou, gritou, chorou...chorou...chorou...Um dia lenvantou-se e pediu ao mundo socorro, e com o coração gotejando em chagas vivas retomou sua vida. As pedras pontiagudas que ele jogou em seu caminho as ignoraram, e confiando naquele que tudo vê, armou-se de força e fé e lutou, chorou, fraquejou, chorou, mas nunca desistiu.
Um dia a ribeirinha senti que irá sucumbir à dor e a solidão, entra em depressão, nem os versos não a preenchem mais. A saudade, a dor, e as lembranças, machucavam cada vez mais... Roga aos céus a ajude ou morrerá de dor.
Como resposta Deus envia alguém que a trata com o amor que precisava, seu coração renova-se, começa a ver o dia mais belo e o sol a sorrir-lhe.
Está assim renovando-se e pensa que agora esquecerá tanta dor.
De repente... Há um novo chamado do passado.
Ele faz chegar até ela a notícia que ainda a ama e só espera que ela dê um passo ao seu encontro. Muda o proceder, antes vingativo e feroz, agora manso, vai aproximando-se, mostrando o lado manso e doce que a reteve por 14 anos cativa ao seu lado.
O mundo dela balança.
- Não, nunca perdoará tamanha traição, dor e humilhação. Esse tipo de amor/posse não quer mais. Será oh! Deus que não merece amor melhor?! Por quê o passado teima em voltar a ser presente?!
Recusa-se a aceitar que o passado/presente volte...
E chorando aos céus roga ajuda para esquecer e recomeçar. Não quer mais o velho texto nem a velha história, mesmo que lhe chegue reciclada. Quer tudo novo. Um Dom Quixote que a salve desse gigante disfarçado em moinho, não de vento, de tempestade... Feroz e destruidora...
Quer começar do zero, nada do velho, nem as dores, nem lembranças, nem esperanças.
Chega. oh! Deus chega!
Roga em prantos esse ribeirinha que quer uma vida nova. Recomeçar do zero sua nova história, recomeçar a crer em fantasias, em utopias, em versos de amor.... Crer que ainda é possível ser feliz, apesar dos pesares!
02/02/03
|