Ode aos Nossos Heróis
Luís Mauro Ferreira Gomes
Em 25 de agosto de 2016
Tem sido comum, nestes dias de domínio do grupo de marginais apá-tridas que usurparam o poder em benefício de seus interesses espúrios e de uma ideologia nefasta, ocultarem-se os heróis nas trevas do esquecimento, ou serem denegridos, ao mesmo tempo em que se exaltam os bandidos, cri-minosos de toda ordem, até mesmo, assassinos covardes e terroristas.
Também tem sido muito frequente ignorarem-se pessoas de extraor-dinário valor, para cultuarem-se as personalidades duvidosas de outras, que, às vezes, tanto mal nos fazem.
Nos idos de 2001, o historiador Clarindo dos Santos escreveu o artigo Ode aos Nossos Bronzes1, que nos inspirou o título deste texto, em que des-creveu como resgatara a estátua de um de nossos heróis, o Brigadeiro Aroldo Coimbra Velloso, que, depois de seus dias de gloria no pedestal, em uma praça de Santarém, havia sido mutilada e sepultada em uma caixa, no porão escuro de uma escola pública da mesma cidade, por pessoas contaminadas pela desordem mental, pela ignorância e pela ausência de quaisquer princí-pios éticos, impostas pelos agentes que, até pouco, dominavam, hegemoni-camente, o cenário político brasileiro.
A estátua do Brigadeiro Aroldo Coimbra Velloso, em Cachimbo, na entrada do Campo de Provas da Aeronáutica que leva seu nome, onde hoje se encontra.
1 SANTOS, C. Ode aos Nossos Bronzes. Revista Aeronáutica, Rio de Janeiro, n. 228, p. 24, jul./ago. 2001
Hoje, a estátua, trocada por alguns computadores doados à Escola por iniciativa de Clarindo dos Santos, protege a entrada do Campo de Provas Brigadeiro Velloso, a alertar-nos constantemente, com seu dedo em riste, para os perigos que nos rondam.
Ninguém se torna cidadão de segunda classe – um intocável, um sem-direitos – como não se degradam os notáveis, somente porque são “con-servadores” ou porque não aceitam a subversão da ordem, a baderna genera-lizada e a corrupção institucionalizada que nos querem impor. Igualmente, não é porque alguém se diz “progressista” que deve ser reconhecido como superior, digno de respeito, imune às Leis.
Chega de substituírem-se os próceres que deram nome a logradouros públicos pelo que há de pior na sociedade!
Quando jovem, nunca foi difícil encontrar homens dignos em quem me pudesse inspirar, mas os tempos mudaram – o tempora! o mores! – e hoje, embora muitos ainda pensem como nós, alguns não querem sair do conforto e outros dispensam-se de manifestar-se, porque uns poucos arautos já propagam nossas ideias.
Às vezes, já perto de sair de cena, vejo-me, qual Diógenes extempo-râneo, até de dia, de lanterna na mão, à procura pessoas a quem possa passar o bastão honrosamente recebido.
Essa situação é inaceitável e revela a pequinês moral, a falta de valo-res e a ausência de tradições de nossa sociedade, intencionalmente, desori-entada por aqueles que tinham o dever de defendê-la.
Hoje, 25 de agosto, data em que comemoramos o Dia do Soldado, em homenagem a um dos maiores heróis da nossa Pátria, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, começamos a fase final do processo que nos livrará, definitivamente, espero, dos traidores que tanto mal nos fizeram.
Ao celebrar seu aniversário, rendo minha homenagem pessoal a todos os nossos heróis, na pessoa insigne do Duque de Caxias.
Aproveito esta oportunidade para fazer uma exortação:
Cantemos, todos juntos, uma ode aos nossos heróis! Que são muitos, embora injustamente esquecidos.
O autor é Coronel-Aviador, Presidente da Academia Brasileira de Defesa, Vice-Presidente do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos; e Membro Efetivo do Ins-tituto de Geografia e História Militar do Brasil e dos Conselhos Deliberativos dos Clubes Militar e de Aeronáutica.