Bocage e seu amigo Manu´ estavam numa estrada a caminho de Lisboa. O sol escaldava e ambos tentavam se proteger em pequenas sombras de oliveiras com poucas folhas.
Bocage sentado numa pedra dizia:
-Ah! Nao vou andar mais! Estou muito cansado. E voce Manu?
-Eu tambem estou cansado. Mas, o que se pode fazer. Nao podemos pagar pela proxima carrua que passar. - respondeu Manu, bem chateado.
Ah! Eu vou dar um jeito nisto. Vossa merce que fique ai`. Eu me vou.
Dizendo isto, Bocage foi para o meio da estrada e baixou as calças e defecou um enorme tronço. Manu ficou nervoso e disse:
-Oras, tu ficaste louco, homi? Disse que ias embora e fazes e´ cagar? E agora temos de aturar esse fedor horrivel!
Bocage respondeu:
-Cala a boca, rapaz. Tu nao sabes nada! - Enquanto dizia isto, o velho poeta puxava a calça e ajeitava-a na cintura. Depois tirou o chapeu e cobriu o tronço fedorento.
Nao demorou muito apareceu um cavaleiro. O viajante parou proximo ao Bocage, que segurava o chapeu sobre o cagaiao.
-Que tu fazes ai´, o senhorio?
-Estou segurando um belissimo passaro cantador.- respondeu Bocage.
-Que passaro e´? - indagou o viajante.
-Non sei bem o que seja. So´ sei que e´ bastante colorido. Joguei o chapeu e ele nao pode fugir.
O viajante desceu do cavalo e interessou-se pelo tal "passaro".
Bocage entao, disse:
-Preciso pegar minha gaiola que esta´ a uns quinhentos metros depois da curva. Empreste-me o cavalo sim? Ja´ faz tempo que estou a segurar o lindo passaro e ele ja´ deve estar com muita sede! Trarei agua pra ele tambem.
-Esta´ bem - concordou o viajante entregando-lhe as redeas do cavalo.
Bocage subiu no cavalo e desapareceu na curva trotando o alazao.
Manu tinha desaparecido quando percebeu o golpe.
O viajante esperou um tempao e nada.
Resolveu entao pegar o passaro e leva´-lo consigo, no encalço do poeta, que supunha ter ido buscar a gaiola e um pouco d agua.
Quando meteu a mao por baixo do chapeu agarrou o tronço e percebeu a cagada feita.
-FILHO DE UMA PUTANA!!!! - Ouviu-se esse grito em meio `as oliveiras, ate´ proximo dos arrabaldes de Lisboa.