AMOR CRUEL
O amor é ardiloso
Ao sentir que não é amado
Veste-se de terno e gravata
Torna-se elegante, falante,
Além de galante,
Romântico e carinhoso
É um dengo só o tal moço
Basta ser correspondido
Para ficar arrependido,
Torna-se logo amor bandido
A cortesia perde o sentido
A atenção não tem mais emoção
Faz-se desiludido,
Foi-se embora a paixão
Dos versos que recitava
Das flores que ofertava,
Não mais lembrava
E nem se preocupava
Com mais essa conquista,
Nem notava que a moça sofria
Enquanto ele ria,
Passou da medida
Ela fez-se despedida
Na solidão que o habita
Tornou-se um sofredor
Dos males do amor
Do qual tanto desdenhou,
No fogo da paixão que o consumia
Não mais sorria nem vivia,
Apenas sofria,
Definhava em agonia
Saudade punhal afiado
Penetra fundo cortando
Em postas a alma ferida
Pela paixão enlouquecida,
Expondo em fatias sua desdita
Por ele mesmo escrita
Neste cenário sem alegria
No qual a dor era sua companhia,
Não percebia que a mortalha
Que agora o acolhia
Foi por ele talhada
Com a mesma navalha
Que o fez vitima e réu
Deste amor cruel
MORGANA
Rio de Janeiro, 06/07/03.
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