Vírus??? Ah... Essa não!!!
Iracema Zanetti
Amo meu computador.
Vivo absorvida e sem querer vou isolando-me das pessoas que me cercam!
Chego a rogar por sua saúde, para que não me prive de sua companhia e
preferencialmente seja eternamente imune a vírus.
Como todo cuidado é pouco, escolho a dedo o "Antivírus" mais moderno
e poderoso do mercado, para envolver em cuidados e segurança total o meu
micro tão amado.
Nem assim estamos livres de... um belo dia qualquer... um capetinha irreverente,
resolver navegar pelos mares da Internet, encontrar uma porta aberta
e só pra contrariar, entrar de sola em nossa máquina sem pedir licença.
Costuma entrar de mansinho, sonda, vasculha , fica maluco pelo HD... pra ver
se é por ali mesmo que convém começar a bagunçar o coreto.
Onde passa deixa suas marcas como um grande bruxo feiticeiro.
Meu micro vinha apresentando vários tipos de defeitos.
Desesperada, virei a cara pro problema, não quis acreditar que o meu xodó
estivesse contaminado.Tadinho, vinha dando-me mostras da doença, andava lento,
desanimado, as perninhas não mais o sustentavam, caía toda hora!
Amigos internautas tentavam me ajudar , cada um com seu palpite:
___ Deve ser falta de memória ___ Será que não é a caixa de entrada cheia?
___ Desinstala e reinstala o Windows ___ Desinstala e reinstala o Outlook
___ Limpa o Temporary ___ Deleta tudo ___ Vou te enviar o programinha Cleanup,
o tal da mãozinha segurando uma flanelina amarela.
Eu só escutava, não respondia e nem fazia nada do que me indicavam.
Depois de ouvir tanto palpite besta, achei por direito também dar os meus,
só pelo medo de ter que formatar o coitadinho e perder todos meus arquivos...
E lá comecei eu:
Ah... já sei! Descobri o problema, deve ser da própria rede, algum congestionamento.
Pode ser também variação na rede elétrica, o estabilizador, mesmo com a luzinha acesa,
pode ter pifado.
Ahhh... Olha só... está chovendo, só pode ser por causa da danada da chuva.
Que chuva... que nada!
Agora acertei em cheio, é meu provedor!
Não! Isso não! Meu provedor é altamente capacitado e muito conceituado.
Então... só pode ser olho gordo, ou mau olhado!
De repente, dei-me um basta, por falar tanta besteira em voz alta e comigo mesma.
Cabisbaixa, comecei a desligar as tomadas, livrando minha torre dos embaraços,
nós, e entre nós de tantos tipos de fios: grossos, finos, cinza, brancos e a maioria pretos.
Saí à cata de uma flanelinha e com toques carinhosos fui livrando meu bichinho
da poeira acumulada.
Com extremo cuidado coloquei meu neném no banco de trás do carro e
saí cantando os pneus atrás do primeiro "SÓS COMPUTADOR" que encontrei na cidade!
Orei pra tudo dar certo... e entreguei meu dengoso abatido, à mãos competentes,
para um "checkup" geral!
Voltei pra casa desolada!
Ontem foi o primeiro dia de separação, senti-me angustiada com sua ausência.
Hoje... o segundo dia sem ele... a saudade aumentou, da angústia passei à depressão.
Fazer o quê pra preencher o tempo?
Comecei a lembrar das minhas atividades exercidas antes do meu computador
ter entrado na minha vida, ou fui eu que entrei na dele, levando-o ao estado
deplorável de coma prematuro?
Que tal escrever um texto, uma crônica, um conto ou uma poesia?
Louca, como escrever em alto estado de depressão?
Então... ler um livro! Não... livro não!
Estou sem cabeça, não prestaria atenção.
Ah... vou ligar a Direct TV... humm... que má idéia... Deus me livre!
Bem, de tudo o que eu fazia... o que sobrou?
Como vou lembrar do que sobrou?
Deixa-me pensar noutra... ai... o que poderia ser?
Ah, claro como pude esquecer, ouvir uma boa música, isso sim me dará prazer...
Música??? Nem ver... quanto mais ouvir? Nada de música, com a amargura
e a dor no peito que estou... a depressão e a pressão se elevariam à alturas.
Então, fazer o quê? Sei lá! Não sei mais em que pensar.
Porém, dos céus veio a iluminação... e a pergunta?
Que tal ficar à toa?
À toa????
Sim, à toa!
Boa... vou nessa... mas à toa... à toa mesmo... à toinha???
À toa... à toinha de tudo também não!
Posso relaxar, meditar... não sei se vai ser uma boa... mas não custa tentar.
Oh, deuses, até quando? Até quando esta agonia?
Até quando a angústia da ausência e a dor da separação?
Talvez, meditar possa até ser uma boa!
Vai ser muito bom levar um papo firme com os deuses, se ainda tiverem poderes,
se não se tornaram como nosso vampiro brasileiro, exporei minhas agruras a eles,
contando as artimanhas do capeta, só assim certamente me ouvirão...
Fazer o quê com o capetinha que levou meu bichinho tão longe dos dedinhos da mamãe,
no tlec-tlec do teclado, digitando tanta besteira como esta que estão prestes a terminar de ler,
se é que chegaram até este ponto.
Passo aos deuses o problema, eles que resolvam o que fazer com o diabo do capeta!
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