Usina de Letras
Usina de Letras
152 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3238)

Ensaios - (10365)

Erótico (13570)

Frases (50627)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->A história do Véi Gió Correia -- 01/06/2004 - 19:09 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Literatura de cordel
A história do Véi Gió Correia
Por Airam Ribeiro-23/03/04

Georgino R. Correia
Por Véi Gió conheci
Veio de Marculino Moura
Muito distante daqui
Honesto e trabalhador
Foi tropeiro e lavrador
Quando passou por aqui.

Sua esposa dona Idália
A quem lhe queria bem
Com ela teve filhos
Sendo cinco em Itanhem,
Ao todo quinze filhos
Todas pessoas de brilho
Que não maltrata ninguém.

Nas terras de sua sogra
Primeiro ele foi morar
Dona Ana lhe confiou
A terra pra trabalhar
Nela ele cultivou
E foi um bom lavrador
Para seus filhos criar.

Chegando para a terra
Em meados de cinqüenta e três
De lavrador a tropeiro
De tudo ele já fez
Tirou barba de navalha
Fabricou até cangalha
Umas quatro em cada mês.

Vendeu muitas raízes
Para ganhar o seu dinheiro
Além de vender o coentro
Era um bom raizeiro
Noz-moscada e imburana
Tirava o freguês da cama
Com seu jeitinho faceiro.


Vendia fumo de rolo
Que trazia do sertão
Rapadura da boa
Vendia por tradição
Cuminho, cravo e canela
Vendia pra dona Bela
E os moradores da região.

Na sua barraca da feira
A freguesia encontrava
Com o cigarro na boca
Com pilhéria brincava
Tomava lá o seu gole
O frio daqui não é mole
E ninguém agüentava.

Pra chamar a freguesia
Ele chamava atenção
Tocando sua sanfona
De rancheira a baião
Sua pé de bode tocava
Que a freguesia alegrava
Com o dinheiro na mão.

Nas festas da Igreja
Nas quermesses e leilão
Sua pé de bode tocava
O que vinha no coração
Gente simples e pacato
Chegou quando era mato
Uma parte da região.

Seu Gió tinha uma cisterna
No fundo do seu quintal
No tempo não tinha os canos
Isso já era normal
Como ele mesmo já tinha
Feito uma carrocinha
Comprou logo um animal.

O famoso jegão de Edílson
O seu Gió ajudou
Junto com sua carrocinha
Com ela carregou
E para bastante gente
Esse jegão imponente
Muita água transportou.

E muitos anos seu Gió
De carregar água viveu
Até que as torneiras
Por aqui apareceu
E o tempo foi passando
Sozinho ele foi ficando
Quando sua esposa morreu.

Viveu uma vida feliz
Na sua estrada correta
Sozinho morou com a filha
Delvita e sua neta
Ele bebia e fumava
A ninguém perturbava
Na sua vida discreta.

Fabricava cangalhas
Mesmo com a filha morando
A pedido de fazendeiros
Que ia lhe encomendando
Um dia um cisto nos rins
Veio marcar o seu fim
Que já estava esperando.

Oitenta e dois anos
O período que ele viveu
Criou com educação
Cada um dos filhos seu
Escreveu a sua história
Que todos têm na memória
Até quando morreu.

Seu Gió deixou aqui
Antes de ir para o céu
Edílson, Zilda, Antonio
Rubens, Mário Manoel,
Tôin, Maria, Elita,
Wilson, Degmar e Delmita
Todos com seu papel.

Os filhos que não citei
Eu vou escrever agora
Sr. Gió estava vivo
Quando eles foram embora
Antonio, Regi e Zelito
Para você tenho dito
Foi porque chegou a hora.

Hoje faz quatro anos
Que o Véi Gió morreu
Faço esta homenagem
Porque foi um amigo meu
Na terra o corpo apodrece
É assim que acontece
Porque o espírito reviveu.

A primeira casa que morou
Junto com sua família
Foi numa casinha simples
Na rua Nova Brasília
Na Belo Horizonte morou
E de aluguel enjoou
Pois não era uma maravilha!

Já estava em outra rua
Fruto de sua conquista
Foi morar na casa própria
Lá na rua Bela Vista
E foi na Rubens Davi
Que seu fim foi ali
Sendo a última da lista.

Em novecentos e dezoito
O véi Gió nascia
Em Marculino Moura
No sertão da Bahia
E em cinqüenta e três
Veio pra cá de uma vez
E os dez filhos trazia.

Em março de dois mil
Foi o seu falecimento
Vinte e três foi o dia
Não está no esquecimento
Deixou muitas saudades
Pros amigos da cidade
Com seus bons momentos.

Foram muitos os temperos
Que Gió vendeu na feira,
Ao som do pé de bode
Que tocava por brincadeira
Com sua vida temperada
Não brigava pó nada
Com sua velha companheira.

Assim a história é feita
De acontecimentos do dia,
Cabe a um escrever
Com muita sabedoria
Seu Gió foi uma criatura
Que fez parte da cultura
Neste cantinho da Bahia.

www.usinadeletras.com.br
e-mail -airamribeiro@zipmail.com.br
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui