Para viver um grande amor,
Viver é preciso.
É preciso interpretar os olhos
No sentimento do olhar.
Para viver um grande amor,
É preciso mais:
Sentir em cada erupção dos pêlos
Um sentimento pleno de sentido.
É preciso estar meio encontrado
E muito vivido,
Entre cheias e vazantes
De um mundo perdido.
Entrelaçar as mãos
Num fim de tarde
Olhar o sol no céu poente
Que se abre, no seu encontro
Marcado diurnamente
É como o amor,
Prá viver noturnamente
A essência do amar.
Integrar sem se apossar
Sentir os movimentos como uma fêmea
Arisca que se arrisca.
Estar entre o achado
E o encontrado.
Para viver um grande amor,
Sonhar é preciso.
Frear nas horas certas
A emoção.
Deixar-se invadir
Por mil emanações
Pelo calor do corpo
Em outro corpo,
Ambos impregnados de amor.
Para viver um grande amor,
É preciso ser como a noite,
Misteriosa, libidinosa
Quando é tempo de luar
E no raiar da madrugada
Se despe num manto diáfano
E nua, deixa banhar-se
Esplêndida de pureza do amanhecer.
Viver um grande amor é preciso,
Nem que seja por segundos,
Eternizado nas matizes da esperança,
De um dia poder tê-lo em meus braços,
Filtrado nos meus olhos
Pelos olhos teus,
Ter você é preciso,
Para viver um grande amor.
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