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Artigos-->REVOLUÇÃO DE 1922 -- 03/04/2017 - 15:17 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Oi, companheiros.



Estou empenhado no estudo e pesquisas sobre a Revolução de 1922. O tema é apaixonante. Acho que mais um ano e estarei em condições de começar a escrever um livro sobre a matéria.


Dentro deste contexto e para entender melhor o seu mais glorioso episódio - o sacrifício dos "18 do Forte" - comecei a buscar informações sobre o Forte de Copacabana.


Fiz visita ao local, consultei documentos etc, mas, como bom infante, tive dificuldade em entender a parte técnica da Artilharia de Costa.


Solicitei algumas informações ao meu prezado amigo e colega de Turma (AMAN/1961) Gen Ex Luiz Edmundo Montedônio Rego, veterano artilheiro de Costa que inclusive comandou a Bateria 305 do Forte.


O Montedônio teve a gentileza de me honrar com um trabalho que satisfez todas as minhas dúvidas. 


Dada a excepcionalidade do escrito - algo produzido por quem entende do assunto - de inegável valor histórico e clareza na exposição, tomo a liberdade de repassá-lo aos meus correspondentes selecionados, que certamente o apreciarão também.


No mais, forte abraço do


Juvencio Lemos


 


 


REVOLUÇÃO DE 1922


- A -   PROLEGÔMENOS



             Após ter sido promovido a General de Brigada, em 1993, fui designado para o



Comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea -1ª Bda AAAe, com sede em Niterói–RJ   



e composta por cinco Gp AAAe “espalhados” pelo Brasil : Rio, São Paulo, Sete Lagoas,



Caxias do Sul e Brasília.



              Com a extinção da 2ª Brigada de Artilharia de Costa ( Santos – SP ), em 1992,



a 1ª Bda AAAe herdou as Unidades de Artilharia de Costa remanescentes : 6ºGACosM



( Praia Grande – SP ), 8ºGACOSM ( Niterói – RJ ) e 1ª Bia / 10º GACosM ( Macaé – RJ ) ,



todas dotadas, desde 1960, com canhões móveis Vickers Armstrong de 152,4 mm .



Todos os Fortes e Fortalezas da Artilharia de Costa já haviam sido desativados  ou



transformados , caso do Forte de Copacabana em Museu Histórico do Exército( 1986 ).



               A sociedade santista não se conformou em ficar sem um Oficial General na



Área e alguns representantes  foram a Brasília conversar com o Ministro do Exército,



Gen  Ex  Zenildo de Lucena  :  “  Como vamos ficar sem o Comandante da Praça  ?  ”



( designação tradicional do Comandante da Brigada de Costa na Baixada Santista ).



A solução adotada foi transferir a sede da  1ª Bda  AAAe de Niterói para Santos, e lá



fui eu para ser o novo Comandante da Praça em Santos, Praia Grande, São Vicente e



Guarujá ( cidades da baixada santista que possuíam Unidades do EB ) .



              Caro Lemos , Você deve estar surpreso e perguntando para os seus botões:



- E daí ?   O livro é sobre a Revolução de 1922 . . .



               Vou ter que aprofundar mais um pouco para que Você entenda onde desejo



chegar .



                Poucos Oficiais da nossa Artilharia tiveram o privilégio de servir na Costa,



na Campanha e na Antiaérea .  Sou  um desses  felizardos , o que facilitou entender



com clareza a diferença entre elas e as principais peculiaridades de cada uma.  Na



 



 



                                                                                                                      - 2 -



 AMAN, a TARMIL 61 e as Turmas  subsequentes   tiveram  contato  apenas  com  a



Artilharia de Campanha. A EsACosAAe  especializava  os Tenentes voluntários para



a  Antiaérea e ministrava  conhecimentos  sobre a  Costa  ( já em marcha acelerada



para a plena extinção ) .



                Resumidamente, na Campanha fui Asp Of e 2º Ten no 2º RO 105 ( Itu – SP)



Regimento Deodoro, nos anos de 1962/63 , Capitão Cmt de Bateria, em 1974, após a



EsAO, no  30º GAC ( Niterói – RJ ) e  Cel  Cmt  do  29º GAC  ( Cruz Alta – RS ), Grupo



Humaitá, em 87/89.



Na Antiaérea, de 2º Ten a Capitão servi em Brasília, na 1ª Bateria Independente de



Canhões  Automáticos  Antiaéreos  40 mm ( presenciei a passagem de Comando por



 cinco vezes , e nenhum novo Comandante acertou o nome completo da Bateria), de



1963 a 68 e como Gen Bda, fui designado para o Cmdo da 1ª Bda AAAe. 



 Na Costa, comandei a  1ª Bateria de 305 mm no Forte de Copacabana,  1968/1969, a



Bateria Cmdo do CEP ( encarregada da manutenção dos obuseiros do Forte Duque de



Caxias – Leme – RJ ) e a 1ª Bda AAAe ( com 3 OM de Costa diretamente subordinadas,



como disse no início ) .



               Ao assumir a 1ª Bda AAAe , o PC do Comandante era na Fortaleza de Santa



Cruz ( Niterói – RJ ) , que atirou no Forte de Copacabana em 1922 . Acho que Você



está começando a entender porque estou dando esta volta enorme .



               A 1ª Bda AAAe executava um Programa de visitação pública que deu certo.



Dezenas de pessoas visitavam as suas instalações, de sexta a domingo, guiadas por



militares muito bem treinados, e ao final ainda ficavam maravilhados com a vista da



cidade do Rio de Janeiro.  Nos quatro meses que passei na Fortaleza de Santa Cruz



aprendi muito sobre a história da nossa Artilharia de Costa e também como implantar 



o turismo nos demais Fortes e Fortalezas subordinados .



                Hoje, a Fortaleza  é  o  2º ponto turístico mais visitado de Niterói, com mais



de 100.000  pessoas por ano. Soube recentemente.  Valeu a pena o “ suor ” !



 



                                                                                                                 - 3 -



               A transferência da Brigada para Santos foi realizada e o novo PC foi o pior



Quartel que conheci  em todos os tempos. A antiga sede foi destruída pela explosão



do Gasômetro de Santos e o que sobrou, um pequeno prédio de dois andares, passou



a ser o novo aquartelamento . O acidente ocorreu em 1967 e estávamos em 1993 .



Há 27 anos o “ Comandante da Praça ” ocupava aquelas instalações.  Estava na hora



de encontrar nova morada . Assim, passamos a frequentar a Praia do Monduba, sede



da Bia Cmdo da Brigada e o Forte dos Andradas , em Guarujá – SP . Um ano depois,



conseguimos convencer os escalões superiores ( MINISTRO – EME – COTER – CMSE –



 – SEF – 2ª RM – D Patri ) que a solução ideal seria construir a Brigada em Guarujá.



Escolhida a arquitetura do prédio, alocados os recursos financeiros e quase lançada



a pedra fundamental , o Gen Zenildo me fez uma proposta irrecusável : se desejava



comandar a ECEME . Dois anos depois de ter assumido o Cmdo daquela Escola, fui



convidado pelo Cmt da 1ª  Bda AAAe, Gen  Bda  Geraldo  Luiz  Nery  da  Silva , para



participar da inauguração do novo Quartel em Guarujá e lá compareci .



                 Voltemos ao Forte dos Andradas, notável Praça de Guerra, mas  que  há



20 anos estava abandonado . Com o auxílio da Prefeitura de Guarujá, depois de seis



meses de muito trabalho, abrimos a fortificação à visitação pública. Nesta altura o



Ministro Zenildo já tinha conhecimento do que estava acontecendo e presenteou a



Brigada com dois micro-ônibus zero km para fazer o transporte, ladeira acima,  dos



turistas paulistas que, aos sábados e domingos, recheavam as praias de Guarujá e



à tarde não tinham o que fazer. Após intensa propaganda com notícias  nos jornais,



na televisão, faixas, panfletos, folders, passamos  a ter problemas  com excesso de



visitantes.  Mais de  500  pessoas em cada final de semana.   Treinamos mais guias



( soldados que se candidatavam para a função ), pedimos mais dois micro-ônibus,  e



diminuímos um pouco a propaganda .



               Idênticas providências foram tomadas pelos Comandantes do 6º GACosM,



Praia Grande- SP ( Fortaleza de Itaipu ), do 8º GACosM, Niterói- RJ ( Fortes  Barão do



 



 



                                                                                                                       - 4 -



Rio Branco, Imbuí, São Luiz e Pico ) e da 1ª/10ºGACosM, Macaé - RJ ( Forte Mal



Hermes ), para implementar o turismo nas fortificações subordinadas .



                 Como Comandante da Brigada, me senti na obrigação de acompanhar



todo o empreendimento e de aprender bastante a história daquelas fortificações.



                 Em 1994, iniciou-se a visitação nos Fortes e Fortalezas mencionados.



                  Depois do Cmdo da ECEME ( 3 anos ) fui designado para a Diretoria de



Especialização e Extensão- DEE.  Das 14 OM subordinadas,  2 eram responsáveis



pela manutenção de  fortificações : o  CEP  ( Forte Duque de Caxias )  e  o  CCFEx



( Fortaleza  de São João ) . Após 4 meses de treinamento do pessoal, a cidade do



Rio de Janeiro passou a ter mais duas fortificações como atrações turísticas.  A



Escola da Artilharia de Costa e Antiaérea  também era subordinada à DEE.



                  Este relato teve como objetivo me posicionar perante o companheiro ,



recordando o assunto com o qual estive bastante envolvido, embora em época bem



diferente. Em 1922, meus pais tinham apenas 5 anos de idade e acho que ainda não



se conheciam.



- B -   DADOS DE INTERESSE



                  Antes de responder às suas indagações, convém recordar alguns pontos.



- Diferença entre Forte e Fortaleza : FORTE – é composto por uma ou mais Baterias



de Artilharia localizadas na mesma fortificação . Exemplo : Forte de Copacabana



( 1914 ) – as 1ª e 2ª Baterias de Canhões ficavam no mesmo conjunto arquitetônico.



FORTALEZA – é composta por duas ou mais Baterias localizadas em fortificações



distintas e com intervalos entre elas . Exemplo : Fortaleza de Itaipu ( 1905 ), Praia



Grande – SP – possuía 3 Baterias ( Duque de Caxias, Gen Rego Barros e Jurubatuba)



em locais diferentes.



                 A Revoltas da Armada  em 1891 e 1893  foram as responsáveis, no meu



entendimento, pela construção de diversas  fortificações  no  Rio de Janeiro  e em



 



 



São Paulo, no início do século passado .



                Em 1908, o Exército Brasileiro iniciou uma grande reforma ao término do



governo  de  Floriano  Peixoto.  Os Ministros da Guerra, Gen  João Nepomuceno de



Medeiros  Mallet  e  Marechal  Hermes  da Fonseca  foram  os  responsáveis  pelo



reaparelhamento dos Fortes e Fortalezas mais antigos e inclusive a construção do



Forte de Copacabana. O local era ideal para posicionar canhões de longo alcance.



Não devem ter sido consideradas as repercussões negativas da futura demolição



da Igreja de Nossa Senhora de Copacabana que funcionava ali desde o século XIX.



Em  28  de  setembro  de  1914, era inaugurada a mais moderna e a mais poderosa



praça de guerra da América do Sul.  A finalidade  do Forte  era  compor  o sistema



defensivo da cidade do Rio de Janeiro e de seu porto, impedindo a aproximação de



navios estrangeiros que pudessem ameaçar a Baía de Guanabara.



               A 1ª Bateria de Artilharia Independente de Posição ( 1ª denominação do



Forte de Copacabana )  era composta por :



               - Cúpula Duque de Caxias, com dois canhões Krupp de 305 mm ( Barroso



e Osório ), com alcance máximo de 23 km e giro de 360 º .



               - Cúpula André Vidal, com dois canhões Krupp de 190 mm, alcance máximo  



de 18 km e giro de 360 º .



                - Duas  Torres ( Antônio João e Ricardo Franco ) com um canhão Krupp de



 75 mm cada uma, alcance máximo de 7 km e giro de 180 º .



                 - Projetores ( holofotes ) para visão noturna do mar e do espaço aéreo.



                 Obs : Não sei quando o material passou a ter nomes e nem quando a Bia



de Projetores foi incorporada  ao Forte.



                  -  Gerador Diesel para serviço no interior da fortificação e que, devido a



sua elevada potência, iluminava também algumas ruas próximas ao  Forte, no tempo



que o Rio de Janeiro  utilizava  postes com  lampião a gás .



 



 



                                                                                                                       



                                                                                                                         - 6 -



            O material era  proveniente  da  Alemanha e foi desembarcado em um cais



especialmente construído na entrada da fortificação. Um guindaste elétrico de 80



toneladas facilitou a retirada dos 5000 volumes remetidos pela Casa Krupp.  



             Dentro do Forte não se via o mar. Daí a necessidade de serem construídos  



Observatórios, com vista para as águas das praias de Copacabana e  de  Ipanema.



Eles ficavam na elevação mais próxima do Forte, o Morro do Cantagalo, com mais   



de cem  metros  de altura.



             Um fato pouco conhecido : quem limitou o gabarito dos prédios de Ipanema



( 6 andares ) e de Copacabana ( 12 andares ) foi o Exército Brasileiro. A observação



dos navios inimigos e dos tiros disparados pelo Forte ficaria prejudicada  se  esses



gabaritos fossem ultrapassados. Constatei pessoalmente esta limitação na primeira



vez que subi o Morro para verificar a manutenção e limpeza dos Observatórios da



1ª Bateria de Canhões 305 mm, sob meu Comando em 1968/69.



 



 - C -   TENTATIVA DE RESPOSTAS ÀS SUAS INDAGAÇÕES



1ª Resposta –   A Artilharia de  Campanha bate zona e não ponto ou alvo. Afirmação



correta. Para a Artilharia de Costa e também para a Antiaérea o conceito muda. Elas



têm que atingir um alvo ( navio ou avião) para cumprir a missão . É difícil acertar os



alvos, principalmente os mais velozes e os que estejam muito afastados.  O que vai



concorrer para o cumprimento das missões é o adestramento da tropa, a qualidade



e a quantidade do material e o preparo dos Comandantes nos diferentes escalões.



Exemplo : Na Novembrada, 11 Nov 1955 , o Cruzador Tamandaré atravessou e saiu



da Baía de Guanabara e 12 disparos dos canhões não conseguiram acertá-lo.



2ª Resposta -  O tiro na Artilharia Antiaérea é sempre horizontal ( tenso ) e dado por



 canhões. Na Costa e na Campanha o tiro pode ser dado por canhões ( horizontal )



 



 



                                                                                                                       



                                                                                                                         - 7 -



ou por obuseiros ( horizontal ou vertical ). Visivelmente, o que distingue o material



é o tamanho do tubo. Os obuseiros têm o tubo menor e, em  consequência,  menor



velocidade inicial do projetil. Assim, o tiro vertical é menos preciso que o horizontal



e é utilizado quando há uma  massa cobridora ( elevação ou obstáculo ) protegendo



o alvo.



Exemplo : A nossa Artilharia de Costa era dotada,  na grande maioria, de canhôes.



Mas possuía também os seus obuseiros. Bias de obuseiros Krupp, de 280 mm, a 4 pç,



cada uma, alcance de 12 km, guarneceram  o Forte dos  Andradas ( Guarujá – SP ), o



Forte D. de Caxias ( Leme, RJ ) e o Forte São Luiz ou Pico( Niterói – RJ ).A construção



destes Fortes foi feita em elevações para protegê-los dos fogos dos encouraçados e



e destroyers inimigos, para  obter observação privilegiada do mar e favorecer o tiro



vertical em navios inimigos protegidos por ilhas marítimas, como as situadas  no



litoral de Niterói : Mãe e Menina, em frente à Praia de Camboinhas.   



3ª Resposta – O alvo em movimento é mais difícil de ser  acertado, até  mesmo  por



um tiro de fuzil ( tiro horizontal ). Para isso, a Câmara de Tiro ( Central de Tiro da



Artilharia de Costa ) calculava os dados e fornecia para as peças os elementos  de



tiro do ponto futuro, aquele em que o projetil e o alvo se encontrariam . Convém



recordar que as fortificações foram construídas para atirar em navios inimigos, em



movimento, e não em instalações fixas, como por exemplo o Palácio D. de Caxias,



ou o Forte do Leme, ou mesmo o Forte de Copacabana. Se por um lado, é mais fácil



atingir as instalações mencionadas no primeiro tiro, não haveria Observatórios para



fazer a correção para os tiros subsequentes, uma vez que eles estavam voltados para



o mar. A missão principal dos observadores era ver o  “ splash “   ( ponto  em  que  a



granada batia no mar), para ter uma referência , poder  fazer as correções e enviá-las



para a Câmara de Tiro. Os tiros dos canhões eram dados primordialmente para atingir



 



 



 



                                                                                                                         - 8 -



os cascos dos navios. Atingir um convés era muito mais difícil.



4ª Resposta – Sobre a consulta de Tenentes do Forte de Copacabana ao professor de



Balística ( Mosquitinho ), fato que desconhecia,  devemos considerar que, em 1922, 



o Forte tinha apenas oito anos e que de 1914 a 1918  as atenções estiveram voltadas



para o desenrolar da 1ª Guerra Mundial. Não houve tempo para disseminar a cultura,



o conhecimento, para que considerável número de oficiais e sargentos soubessem



operar  a Câmara de Tiro  e como atirar com o novíssimo material que acabava de



ser instalado no Forte. E quem sabia, estava em condições emocionais de atuar  ?



 Tinha coragem para atirar em instalações nacionais ? Era também revolucionário ?



                   Na Revolução  de 1922, o Forte,  denominado  “ 1ª Bateria Isolada de



Artilharia de Costa ”  ( 1919 – 1931 ),   era comandado  pelo  Cap  Euclides  Hermes



da Fonseca, filho do Marechal Hermes , idealizador da construção  daquela praça de



guerra .



                    Dos 301 amotinados no Forte, nem todos eram Artilheiros de Costa, a



começar  pelo Ten Eduardo Gomes, que era da Escola de Aviação Militar ( passando



para a FAB, com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941 ) .   Após o intenso



bombardeio da Fortaleza de Santa Cruz sobre o Forte, o Cap Euclides e o Ten Siqueira



Campos  sugeriram que quem desejasse poderia deixar o Quartel : ficaram apenas 29,



entre Oficiais e Praças. O Cap Euclides, em seguida, saiu do Forte para negociar e foi



preso . Restaram 28 revolucionários .  Logo, caro Lemos, qualquer  “ Mosquitinho” que



estivesse  disposto a ajudar, seria bem-vindo.



5ª Resposta – ( ligada à anterior ) – Não basta registrar a alça e a derivada que esteja



em uma tabela para acertar um tiro de Artilharia ( Campanha , Costa ou Antiaérea ).



Um alvo a 5, 10 ou 20 Km de distância não será atingido se houver um vento moderado



perpendicular  à trajetória do projetil e a  Câmara de Tiro ignorá-lo, ou se  um  soldado



trocar a carga, ao preparar o estojo da granada .



 



 



                                                                                                                          - 9 -



                    Vamos lembrar, em situação de paz,  quais as providências a serem



tomadas para a  efetivação de uma Escola de Fogo do Forte de Copacabana :



- informação aos escalões superiores sobre a realização do tiro ;



- informação aos Fortes e Fortalezas do Rio de Janeiro sobre a Escola de Fogo ;



- solicitação de interdição do espaço marítimo à Marinha do Brasil ;



- solicitação de interdição do espaço  aéreo à FAB ;



- solicitação à Marinha do Brasil de um rebocador para tracionar o alvo ;                                                                                                             



- aviso aos moradores da redondeza, com antecedência, para na data de realização



do tiro abrir as janelas para evitar o rompimento das vidraças  e alerta quanto ao



toque de sirene antes do 1º tiro . A Avenida Atlântica foi inaugurada em 1906 e o



Hotel Copacabana Palace em 1923.



- aviso aos pescadores do Posto 6 quanto à realização do tiro ;



- interdição de espaço terrestre na frente ao Forte, para segurança de pedestres ;



- ocupação dos Postos, no Morro do Cantagalo, pelos Observadores, que  torciam



para que o mar não estivesse agitado, para poderem ver todos os “ splashs ” e fazer



as devidas correções para o próximo tiro ;



- solicitação de dados sobre as condições meteorológicas para a Marinha, FAB e a



Institutos Civis ( temperatura, previsão de chuvas, direção e velocidade dos ventos,



umidade do ar, ressacas,  horários do nascer e por do sol , náutico e terrestre ) ;



- lançamento de balões para calcular a direção e velocidade dos ventos antes  do



início da Escola de Fogo ;



- montagem de andaimes próximos ao Forte para observação dos tiros mais curtos ;



- previsão de combustível  para os geradores de eletricidade  para  iluminar e ventilar



toda a fortificação e facilitar a operação das cúpulas e de seus canhões ;



- verificação da temperatura da pólvora ;



- instrução básica e de qualificação para todos os militares que fossem participar da



 



 



                                                                                                                          - 10 -



Escola de Fogo, principalmente os integrantes da Câmara de Tiro e os Observadores.



Obs: Como tive que evocar o passado para relacionar estas providências, pode ser



que tenha esquecido algo importante. Mas Você saberá preencher as lacunas . . .



                      É claro que em combate alguns passos poderiam ser abreviados e até



mesmo suprimidos. Porém, se fossem queimadas muitas etapas, os navios inimigos



não seriam atingidos. E, em 1922, atiraria na Fortaleza de Santa Cruz e acertaria no



Forte do Leme. Uma suposição. A propósito, em 05 Jul 1922, o Forte de Copacabana



acertou 2 tiros no Forte do Leme que atingiram a muralha, o Refeitório de Oficiais e



a “ Casa da Ordem ” , matando 4 Soldados e ferindo outros 4 .     ( Jornal  Gazeta de



Notícias, de 08 Jul 1922). E quem atirou no Copacabana foi a Fortaleza de Santa Cruz.



Talvez tivessem esquecido que as paredes da casamata de concreto do Forte tinham



12 metros de espessura.



6ª Resposta – As tabelas de tiro das peças não continham derivas e alças. Elas eram



calculadas pela Câmara de Tiro em função dos dados enviados pelos Observadores,



pois  dentro do Forte não se via o mar e, em consequência, a posição dos navios dos



inimigos ( ou da nossa Marinha de Guerra ) . Resumindo : se a Câmara de Tiro não



estivesse guarnecida, o tiro não poderia ser realizado - era ela que fornecia as derivas



e as alças para as peças,em função da direção e da distância em que se encontravam



os alvos a serem atingidos, além da carga a ser utilizada e o tipo de munição mais



apropriado para a ocasião ( perfurante ou explosiva ). As condições meteorológicas



impunham correções a serem calculadas  pela  Câmara  de  Tiro  nas derivas e alças



comandadas para as peças , principalmente a direção e a velocidade dos ventos.



                 A localização de prédios  na cidade do Rio de Janeiro poderia ser feita por



levantamento  topográfico . Seriam   atividades “ extra-classe”,  pois  os  Fortes  e



Fortalezas foram construídos para atirar em navios inimigos. Já toquei neste assunto. 



 



 



 



                                                                                                                        - 11 -



Estou repetindo porque é bastante importante para o tema que Você selecionou para



elaborar um excelente livro.



7ª Resposta – Tendo a localização do Palácio Duque de Caxias na prancheta de tiro e



disponíveis os dados das condições meteorológicas não é complicado acertar o alvo.



O complicado vai ser obter correções para os tiros subsequentes.  Onde estariam



localizados os Postos de Observação ?  Se houvesse um erro crasso de cálculo ou



no registro nas peças, o 1º disparo ( 2 tiros ) poderia cair na Igreja da Candelária . E



não havendo correção, por parte dos Observadores, a Igreja poderia ser destruída.



Obs: Para equilíbrio da Cúpula,os 2 canhões sempre atiravam em rajada, com ínfimo



intervalo entre os dois tiros.



8ª Resposta – Os canhões de 75 mm poderiam realizar o tiro contra embarcações



inimigas. Não tinham condições técnicas para realizar o tiro terrestre, pois o giro de



suas torres era limitado a 180º , diferente dos canhões de 190 e 305 mm que giravam



 360º. Como uma granada de 305 mm pesava mais de 400 kg, pode-se inferir a despesa



para o EB em qualquer Escola de Fogo. Assim, os canhões de 75 mm serviam para o



adestramento inicial das guarnições das peças. Em suma, eram bastante utilizados



para a instrução da tropa até estarem aptas para atirar com os canhões de 190 e de



305 mm. A observação dos tiros também era facilitada, pois o alcance máximo dos



canhões de 75mm era de 7 km.



9ª Resposta – Estive à testa da 1ª Bateria de Canhões 305 mm do 3º G A Cos – Forte



de Copacabana em  1968/69  e era uma  “ glória ”  comandar  os canhões de maior



calibre da América do Sul, mas que infelizmente não atiravam .  A maresia corroeu



o êmbulo do freio recuperador dos canhões e se eles atirassem, corríamos o risco



de não  “ voltarem em bateria” .  Ainda tentei , junto ao Arsenal de Guerra do Rio ,



resolver o problema, mas não era viável economicamente e a Artilharia de Costa



 



 



                                                                                                                        - 12 -



fixa já estava com os dias contados . Não tenho certeza quando  os 305 mm deixaram



de atirar.  Algumas publicações dizem que os  últimos disparos do F. de Copacabana



foram em 11 de novembro de 1955. Não está correto, pois em 1968/69 presenciei  dois



disparos ( 4 tiros ) dados  pelos canhões 190 mm, da 2ª Bateria, durante a realização



de uma Escola de Fogo . Houve um incidente com uma peça  chamada  detonador –



reforçador e as granadas  saíram dos tubos desintegradas , inutilizando as raias dos



2 canhões de 190 mm . Acho que a partir daquele momento, aí sim, o Forte não mais



atirou.  



                    O Forte do Imbuí, em Niterói, possuía uma Cúpula parecida com as do



Forte de Copacabana, mas os canhões eram de 280 mm .



                    Estive em todos os Fortes e Fortalezas mencionados neste “  trabalho ”,



sendo que em alguns, inúmeras vezes . E conheci  outros, no Rio e em Salvador. Não



 tenho  notícia da  existência  de outros canhões  de  305 mm  em  território brasileiro.



 Apenas os do Forte de Copacabana , respondendo à sua pergunta .



                    E  justamente  por serem os  únicos, o Forte de  Copacabana  alcançou ,



no meu entender, o prestígio, a admiração, o fascínio que ostenta até hoje.



 



                                           -  F I M   D O   A N E X O -                                                                             


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