Ventos, Tornados Meus
Quantos ventos já passaram,
desde a aurora do dia em que nasci,
soprando rumores,
e a todos, eu sobrevivi.
Sopro forte e exultante,
ora frio fulmaçante,
ora quente deslumbrante,
que tornaram-se por momentos,
redemoinhos preocupantes.
Mensageiro dos quatro cantos,
leva e trás dos gorjeios mil.
Fala manso e sussurrante,
quando fala do meu amor que partiu.
Na leveza da sua força me constrói dunas.
Na beleza do seu som, fala-me de ternura.
Muda-me as rotas, quebra-me os lemes,
transporta-me as mágoas, devolve-me a vida.
Se na fúria furacão com que passa,
passa, espargindo na minha pele,
o licor de doce amêndoas,
maciez aveludada, do abraço que embarga,
o abstrato dos sonhos meus.
Solto a ele a minha voz,
entrego-lhe a face à carícia de sua brisa,
Fecho os olhos sentindo-lhe o frescor,
vivo nele um companheirismo,
regata de meus dias, suavidade
que o meu viver envolve.
Jair Martins
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