Caimbé
O habitat e simbolismo
Caimbé, caju, murici...
Lavrado, tapiz verdeal,
Cabelos d’água, capim.;
Chão acidulado, sal.
Baixadão crespo aguado,
Lago, aninga, igarapé...
Outeiro, campo estiado,
Firme bordão do Caimbé!
Caimbé é duro bastião,
É lábaro do lavrado,
Pégaso desta canção,
Ginete indômito, alado!
Plantado na firme mesa
Dos verdes campos gerais,
Atalaia atenta, acesa
À passagem dos mortais!
Mandacaru do lavrado,
Caboclo de fibra forte:
Campo seco desolado,
Enfrenta verde a morte!
A presença da ignorância
O homem, tosco animal,
U’a touceira de capim,
Um gesto irracional
E fogo, e caos, morte enfim!
Cabelos secos em fogo,
Capim frige combustão,
Destrói tudo sem rogo,
Vida a tisne em elisão!
O guizo da cascavel,
Armado ao infenso fogo,
É um bombeiro novel,
Queimado no grande jogo!
Na toca, morre o tatu,
Tamanduá em extinção,
Chora o Mandacaru
Seivas em ebulição!
O renascer
Das cinzas a vida flora
Nas primícias das chuvas,
Cantos despertam a aurora,
Asas revoando em curvas!
Das utilidades do Caimbé
Abrigo em tenros gravetos
Da juriti solitária
Que a outro arrulhar, em dueto,
Entoa nostálgica ária...
Folhas, lixas, cunhantã,
Cinza, negror de panela.;
Tronco lenhoso, manhã,
Curumim em feixe atrela...
Lama, motor, atoleiros,
Galhos e troncos atritam
As rodas de aventureiros
Que de alívio palpitam!
Rogos a Caimbé
Se à seca és incorruptível,
Este teu maior galardão!
Diga ao poder infalível
Que falha é probo ser não!
Se dos campos és um forte,
Da natureza um pendão,
Mostra ao poder da coorte
Que miséria tem solução!
Sem ética não há rumo,
A desigualdade grassa,
A chaminé solta o fumo
Além dos haustos da massa!
Caimbé, caju, murici...
Lavrado, tapiz verdeal,
Cabelos d’água, capim.;
Chão acidulado, sal.
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