Tem gente q morre de medo quando eu menciono o projeto de aproximação Brasil-Venezuela-Cuba. São estúpidos. Sendo a Venezuela o grande produtor de petróleo da América latina, e Cuba o país com maior know how em matéria de transformação social do continente, uma estratégia de colaboração mútua seria extremamente vantajosa. A óbvia utilidade do petróleo não necessita maiores comentários. Já a controversa experiência socialista cubana ainda suscita arrepios por trazer consigo a lembrança do paredón e do descarado controle de massas por meio de lavagem cerebral. Justamente por acreditar na inevitabilidade da implantação de um sistema social mais justo,- socialista, anarquista ou qualquer que seja a denominação que venha a ter - é que recomendo que todas as transições sejam feitas dentro da legalidade, evitando assim toda a carga de rancores e ressentimentos que pesam sobre a imagem da maioria dos ícones de nossa historiografia oficial. Por isso é que já nos decidimos, eu e o Sr. Luís Inácio, contra a adoção de medidas drásticas como as praticadas em Cuba. Está descartada, portanto a idéia do saneamento social por meio de execução sumária. Quanto a lavagem cerebral, aquela que é praticada em Cuba através dos meios de comunicação e das instituições do estado não difere quanto ao método daquela que é praticada em nosso país, estando as divergências apenas no plano das concepções ideológicas. Assim sendo, embora visemos a supressão do aparato de controle de massa instalado em nosso país, chegamos à conclusão de que sua imediata desinstalação acarretaria um vácuo desconfortável na vida cotidiana do país, senão maiores transtornos, e resolvemos postergar tal medida para uma data futura, quando de uma maior adaptação popular a um regime de verdadeira liberdade e democracia.
Inadiável, porém, é a implantação de programas sociais nos moldes Cubanos. Na área de saúde, onde a excelência Cubana é reconhecida, e principalmente na área da educação, onde se situam as maiores deficiências nacionais. Enquanto não se possibilitarem meios para uma efetiva interação entre indivíduos procedentes de diversos extratos sociais e locais de nascimento, em território neutro, não se pode esperar que tenhamos no Brasil mais do que gerações de abobalhados, crentes e crédulos, pois a falta de experiências cognitivas e sensoriais acarreta distúrbios que vâo desde baixa auto-estima até deficiências no processo de percepção da realidade. Me vem a memória uma reportagem assistida tempos atrás, em que adolescentes cariocas tinham contato pela primeira vez com cavalos e outros animais comuns ao meio rural. Suas reações eram incompatíveis com a idade. Tal tipo de situação, comum apesar de bizarra, é efeito da distorção vivida nos dias atuais, em que se impõem funções específicas e tediosas a seres humanos sedentos de desafios e experiências, numa